Caso da invasão do Capitólio

Ex-assessor de Trump, Steve Bannon se entrega ao FBI para responder por desacato

Acusações ocorrem após negativa de Bannon em colaborar com investigações

Seg, 15/11/21 - 12h50
Trump e Bannon, em 2017 | Foto: SAUL LOEB / AFP

Steve Bannon, conselheiro do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, se entregou ao FBI nesta segunda-feira (15).

Com 67 anos, o ideólogo da direita estadunidense é acusado de desacato por não aceitar colaborar com a comissão do Congresso americano que investiga o ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro. Por essas acusações, ele havia sido indiciado na sexta-feira (12).

Bannon foi detido hoje pela manhã e deverá comparecer ao tribunal no final da tarde desta segunda. Caso condenado, pode pegar de 1 mês a 1 ano de prisão, além de multa de até mil dólares.

Quem é Steve Bannon

Steve Bannon atuou como executivo no setor bancário. Também tem experiência no segmento de mídia, onde comandou o site de ultradireita Breitbart News.

No Brasil, Bannon tem relações com o clã Bolsonaro, especialmente com o deputado Eduardo Bolsonaro, que sempre costuma citar o americano. Bannon prestou apoio a Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018.

"Isso tudo é barulho"

Bannon também fez de sua apresentação ao FBI um ato de propaganda de seus ideais. Ele olhou diretamente para a câmera que transmitia tudo ao vivo no Gettr, rede social criada por e para apoiadores de Trump, e disse aos seus seguidores que mantivessem o foco.

"Estamos derrubando o regime de Biden", disse Bannon, usando o termo frequentemente associado a ditaduras. "Quero que vocês fiquem focados, isso é tudo barulho."

A abertura do processo por desacato foi aprovada pela Câmara dos Representantes em outubro e, então, seguiu para o escritório do procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, nomeado por Joe Biden para o cargo.

Em comunicado, Garland, sob forte pressão, disse que o indiciamento "reflete o compromisso inabalável do Departamento de Justiça com os princípios de cumprir o Estado de Direito, seguir a lei e buscar a Justiça".

Cada uma das duas acusações de desacato ao Congresso acarreta pena mínima de prisão de 30 dias e máxima de um ano, bem como uma multa de US$ 100 (R$ 546) a US$ 1.000 (R$ 5.460).

A comissão do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio disse ter motivos para acreditar que Bannon, estrategista da campanha eleitoral de Trump em 2016, poderia ser peça-chave para ajudar a entender o episódio.

Na última sexta, Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump, negou-se a testemunhar perante a comissão, o que também pode lhe render uma acusação de desacato. A defesa de Meadows usou o mesmo argumento de Trump e Bannon.

Eles alegam que as comunicações do ex-presidente são protegidas por privilégio executivo, mecanismo que preserva a confidencialidade de registros da Casa Branca.

Preso novamente

Steve Bannon não esteve preso anteriormente. Em agosto de 2020, ele foi detido após ser acusado de desvio de verba durante uma campanha de apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México. Ele foi liberado após pagar uma fiança no valor de US$ 5 milhões.

A intenção de construir o muro resultou em uma campanha que arrecadou US$ 25 milhões, quantia doada por milhares de pessoas.

O Departamento de Justiça alegou que ao menos US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,64 milhões) teria ido para o bolso de Bannon.

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