Católico praticante, pessoalmente contra o aborto e a favor do livre comércio - o perfil do vice escolhido por Hillary Clinton para sua chapa à Casa Branca decepcionou os mais à esquerda do Partido Democrata.
A preferência de Hillary pelo senador Tim Kaine, do Estado da Virgínia, foi anunciada na noite desta sexta (22).
No Congresso desde 2012 e ex-governador de Virgínia (2006-10), Kaine deverá atrair votos de eleitores independentes e daqueles que recaem na categoria "homens brancos", segundo o jornal "The New York Times".
Como Virgínia é considerada um "Estado-pêndulo" (cuja preferência por democratas ou republicanos varia a cada eleição, não havendo preferência histórica por partido), o nome de um ex-governador na chapa de Hillary poderá fortalecer a candidatura da democrata.
Com a reputação de pragmático e conciliador, Kaine é católico praticante e formado em direito pela Universidade Harvard.
Na juventude, trabalhou um ano como voluntário com missionários jesuítas em Honduras, adquirindo fluência em espanhol. Depois, por 17 anos, atuou como advogado em causas relacionadas ao direito à moradia.
Casado desde 1984 e pai de três filhos, Kaine é pessoalmente contra o aborto, mas acredita que "as mulheres devem tomar essa decisão, e o governo não deveria se intrometer", como disse à rede de TV CNN recentemente.
Segundo o "The New York Times", a escolha frustra os mais à esquerda do partido.
Muitos acreditavam que, como forma de angariar o apoio dos simpatizantes de Bernie Sanders,
Hillary escolheria como vice alguém mais alinhado às ideias do ex-pré-candidato, como a senadora Elizabeth Warren (Massachussetts) e o senador Sherrod Brown (Ohio).
Apoiadores de Sanders já haviam demonstrado mal-estar com as posições de Kaine sobre livre comércio e regulações ao mercado financeiro.
O senador da Virgínia defende a Parceria Transpacífico (TPP), acordo regional de comércio impulsionado pelo governo Barack Obama que foi criticado tanto por Sanders quanto por Hillary.
Hillary demonstrou apoio ao TPP quando era secretária de Estado, mas mudou de posição durante a campanha, afirmando que o acordo não havia atingido o que ela esperava para garantir empregos e a segurança nacional.
Já Sanders considera o acordo "desastroso" por privilegiar os interesses das grandes empresas à custa dos trabalhadores.
Kaine defende a Lei Dodd-Frank, que foi aprovada pelo Congresso em 2010 e trouxe novas regulações ao sistema financeiro. Porém, defende flexibilizar algumas normas que, ao seu ver, prejudicam bancos locais e regionais.
A candidatura de Hillary será oficializada na semana que vem, durante a convenção do Partido Democrata, na Filadélfia.
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