Conflito sem fim

Israel rebate Itamaraty e diz que ‘desproporcional é 7 a 1’

Governo brasileiro criticou ofensiva em Gaza e convocou embaixador de volta ao país; mal estar político ocorre em meio a novos ataques a escola e residência

Qui, 24/07/14 - 22h30

Tradicionalmente amistosas, as relações entre Brasil e Israel sofreram forte abalo após reação furiosa da diplomacia israelense ao posicionamento brasileiro contrário aos ataques do país à Faixa de Gaza. O governo de Benjamin Netanyahu começou o dia chamando o Brasil de “anão diplomático”, em uma crítica à decisão do Itamaraty de convocar para consultas seu embaixador em Tel Aviv por causa da ofensiva militar contra os palestinos.

No início da noite, porém, a crítica ficou mais contundente quando o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, fez menção à derrota brasileira na Copa do Mundo e disse que “desproporcional é 7 a 1” ao “Jornal Nacional”.

“A resposta de Israel é perfeitamente proporcional, de acordo com a lei internacional. Isso não é futebol. No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional e quando é 7 a 1 é desproporcional”, disse o representante do país responsável pela morte quase 800 palestinos, incluindo mais de 140 crianças, e que registrou apenas 33 fatalidades de seus cidadãos, em sua maioria soldados.

Mais cedo, o porta-voz já havia dito que a reação brasileira “é uma demonstração lamentável de porque o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático”.

Resposta

Antes do comentário sobre a derrota brasileira, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, já havia rebatido  declarações do porta-voz e  nota divulgada pelo país judeu, a qual afirma que a decisão brasileira ignorava o direito de Israel de se defender. “Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU e temos um histórico de cooperação e de ação pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles”, disse o ministro, citado pela  Reuters.

“Não contestamos o direito de Israel de se defender, jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, disse. De acordo com a agência de notícias palestina Ma’an News, 116 palestinos foram mortos por ataques israelenses na Faixa de  Gaza apenas ontem, elevando a 797 o número de palestinos mortos desde o início da ofensiva. No mesmo período, 31 soldados israelenses foram mortos.

“Provocação”.Anteontem, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota afirmando que o país considera “inaceitável” o conflito e chamou para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Sardinha. “Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”, dizia a nota da chancelaria brasileira.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou ontem o violento ataque a uma escola da instituição onde estavam abrigados refugiados palestinos no norte de Gaza. Pelo menos 15 pessoas morreram.
 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.