Londres

Líder da operação que matou Jean Charles assume a polícia

Cressida Dick é a primeira mulher a comandar a Scotland Yard na capital britânica

Por Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
Comando. Cressida Dick foi a diretora nacional de segurança para os jogos olímpicos de Londres em 2012 LEON NEAL/ AFP - 19.12.2013

LONDRES, REINO UNIDO. A policial que chefiou a operação que matou o brasileiro Jean Charles foi promovida nessa quarta-feira (22) a chefe da polícia de Londres. Com experiência no combate ao terrorismo, Cressida Dick é a primeira mulher a assumir o cargo. Em julho de 2005, ela estava no comando da operação da Scotland Yard que confundiu Jean Charles com um possível terrorista e o matou no metrô da capital britânica. E, agora, a família do brasileiro protesta contra a indicação de Cressida ao cargo.

Aos 27 anos, o brasileiro foi baleado sete vezes na cabeça e morreu na estação de Stockwell. A polícia achou que Charles era o terrorista etíope Hussein Osman – suspeito que havia tentado, junto com mais três extremistas, explodir a rede de transporte público de Londres no dia anterior.

Na época, a família de Charles pediu que todos os agentes envolvidos no caso fossem condenados. Mas a Procuradoria considerou que Cressida não deveria ser processada, embora a Scotland Yard tenha sido considerada responsabilizada pela tragédia.

Em entrevista à BBC Brasil nessa quarta-feira (22), dois primos de Jean Charles, Patrícia Armani e Alex Pereira, criticaram a promoção. Eles contaram que a família enviou uma carta ao prefeito de Londres, Sadiq Khan, com um pedido contra a nomeação.

“Estamos muitos desapontados com a decisão porque a Cressida Dick foi, no mínimo, incompetente no comando da operação em que meu primo morreu. Não há garantia de que outras pessoas não morrerão em erros desse tipo, ainda mais neste momento em que várias cidades europeias estão em alerta por causa de ataques como o do (grupo extremista autodenominado) Estado Islâmico”, afirmou Patrícia ao veículo de comunicação.

A investigação apontou os erros que a Scotland Yard cometeu na ação. A polícia alegou que o brasileiro apresentava um comportamento suspeito e carregava drogas no dia da operação.

De fato, Jean Charles pulou a roleta do metrô e, ao ser abordado pelos policiais, correu, e não obedeceu à ordem de parar. Os agentes, então, atiraram.

Em 2011, os advogados da família de Jean Charles e a Scotland Yard chegaram a um acordo sobre a indenização devida: cerca de R$ 300 mil, apenas um terço da quantia pleiteada.

Em 2007, Cressida foi promovida e passou a ser encarregada da proteção à família real britânica. Mais tarde, chefiou a unidade de combate ao terrorismo e foi a diretora nacional de segurança para os jogos olímpicos de Londres em 2012.


Decepcionados

“Ficamos muito desapontados, mas já esperávamos por isso, porque estamos acostumados com o descaso. Com essa atitude, mostram que não estão nem aí. A ferida que está aí, cicatrizando, volta a sangrar.” Patrícia Armani, prima de Jean Charles