Presidenciais

Macron e Le Pen se enfrentam no segundo turno na França

Dois levantamentos realizados ontem dão vitória com folga ao ex-banqueiro

Dom, 23/04/17 - 20h03
Candidato centrista, que saiu à frente, e líder da extrema direita estão no pleito do | Foto: Eric Feferberg, Joël SAGET / AFP
Paris, França. O candidato de centro e pró-europeu Emmanuel Macron e sua adversária, a ultradireitista Marine Le Pen disputarão, em  7 de maio, o segundo turno das eleições presidenciais francesas, um duelo que excluiu da corrida ao Palácio do Eliseu os dois partidos tradicionais.
É a primeira vez, em quase 60 anos que a direita estará ausente do segundo turno e a primeira que não  terá representantes dos dois grandes partidos que dominam a política francesa em meio século: os socialistas do presidente François Hollande e os conservadores liderados por François Fillon.
Com 89,7% dos votos contados até as 20h de  ontem, o Ministério do Interior da França disse que Macron tinha 23,7% dos votos, enquanto Le Pen vinha logo atrás, com 21,9%. O conservador François Fillon tinha 19,9%, e o candidato de extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon, 19,2%.
Ambos reconheceram a derrota, e Fillon convocou seus eleitores a votar em Macron. O socialista Benoît Hamon, que deve alcançar cerca de 6% dos votos, também disse apoiar Macron: “Faço uma clara distinção entre um adversário político e uma inimiga da República”.
Aos 39 anos e à frente do Em Marcha!, Macron ganhou uma disputa que muitos davam por perdida até que começou a despontar nas pesquisas. “Os franceses expressaram seu desejo de renovação”, declarou o ex-banqueiro. Duas pesquisas realizadas  ontem o apontam como o vencedor do segundo turno por ampla maioria. Uma lhe atribui 62% dos votos, contra 38% para Le Pen, e outra, 64%, contra 36%.
François Hollande telefonou para Macron “para felicitá-lo”. Hollande deverá manifestar “muito claramente” sua escolha para o  7 de maio, disse uma fonte da Presidência. Uma pessoa próxima a ele afirmou: “Vocês podem imaginar bem sua escolha entre um de seus ex-ministros e a representante da extrema direita”.
Já Marine Le Pen, 48, ficou exultante de alegria diante do que chamou de “resultado histórico” e “uma etapa superada” para o partido Frente Nacional (FN), com o qual repetiu a façanha de seu pai 15 anos depois. Ela convocou a população a “aproveitar essa oportunidade única” para “libertar o povo francês”. Os franceses  terão que escolher entre a “globalização selvagem”, disse Le Pen, referindo-se a Macron, e “a grande alternância”.
Análise. Qualquer um dos dois fará história: Macron como o presidente mais jovem e Le Pen como a primeira mulher a chefiar o Estado francês.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, saudou o centrista  ontem. Uma vitória de Macron representaria um alívio para a União Europeia. Macron, ex-ministro da Economia de Hollande, fez uma campanha com um programa abertamente pró-europeu e liberal.
No caso da vitória de Marine Le Pen, se aproximaria um período de grande incerteza para a UE devido a sua defesa da saída da zona do euro, que poderia supor um golpe fatal a um bloco já enfraquecido pelo Brexit.

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