Em 2017

Médicos Sem Fronteiras reconhece abuso sexual

O anúncio vem em um momento desafiador para o setor humanitário, em que a ONG britânica Oxfam enfrenta críticas internacionais

Qui, 15/02/18 - 02h00
Na Oxfam, 43% do orçamento é proveniente de órgãos públicos | Foto: Andy Buchanan/AFP Photo - 10.2.2018

Londres, Reino Unido. A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) reconheceu que, no ano passado, registrou 24 casos de assédio ou abuso sexual por seus profissionais. O anúncio vem em um momento desafiador para o setor humanitário, em que a ONG britânica Oxfam enfrenta críticas internacionais por denúncias de que foi omissa diante de casos de exploração sexual de menores e mulheres por seus funcionários no Haiti e em outros países.

Segundo a MSF, de 146 denúncias ou alertas recebidos em 2017, 40 casos de abuso ou assédio foram documentados após investigações internas, dos quais 24 foram de abuso ou assédio sexual. Dentre estes, em dois casos as vítimas eram pacientes ou pessoas de comunidades assistidas. Nos 24 casos em que houve abuso ou assédio sexual, 19 pessoas foram demitidas e as outras cinco foram punidas com advertências ou suspensões. O comunicado da organização não diz onde ocorreram os casos. A organização tem 40 mil funcionários permanentes em todo o mundo.

A MSF disse acreditar que os casos de má conduta reportados não correspondem ao número real, e que há barreiras “semelhantes às encontradas na sociedade em geral” para que abusos sejam denunciados, “incluindo o medo de não ser levado a sério, do estigma e de possíveis represálias”.

Diferentemente do que acontece com o orçamento da Oxfam, que é 43% proveniente de verbas governamentais ou de organismos públicos, mais de 90% do orçamento da MSF depende de doações individuais, principalmente de pessoas físicas. Por isso, a organização é suscetível a qualquer escândalo que abale sua imagem na opinião pública. Só no Brasil, onde tem um escritório no Rio de Janeiro, MSF tem cerca de 400 mil doadores. No mundo, são mais de 6 milhões. A organização tem uma sede internacional em Genebra e cinco centros operacionais na Europa: em Bruxelas, Barcelona, Amsterdã, Paris e Genebra.

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