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Netanyahu rejeita iniciativa de paz francesa

Netanyahu defendeu que as negociações bilaterais são o único meio para avançar à paz

Por AFP
Publicado em 23 de maio de 2016 | 11:24
 
 
Netanyahu se reuniu com o primeiro-ministro francês, Manuel Valls MENAHEM KAHANA / AFP

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou a iniciativa francesa para tentar reativar os esforços de paz no Oriente Médio e propôs que Paris receba negociações bilaterais entre israelenses e palestinos.

As negociações bilaterais são "o único meio para avançar à paz", disse Netanyahu em uma reunião com o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, a quem apresentou sua contraproposta.

"Aceitaria com prazer uma iniciativa francesa diferente, com uma mudança importante: a iniciativa poderia acontecer em Paris, seria uma local maravilhoso para assinar um acordo de paz", disse.

"Se chamaria iniciativa francesa, com uma diferença: eu estaria sozinho, sentado cara a cara com o presidente (da Autoridade Palestina, Mahmud) Abbas, no Eliseu ou onde desejarem".

"Todos os temas difíceis serão colocados à mesa: reconhecimento mútuo, incitação à violência, fronteiras, refugiados e também as colônias. Tudo", afirmou.

"Estou disposto a tomar decisões difíceis", concluiu.

Valls, que visita Israel e os Territórios Palestinos até terça-feira, não pareceu disposto a assumir compromisso com uma proposta tão inesperada.

"Eu escutei a proposta de Netanyahu. Vou conversar com o presidente da República (François Hollande). Estamos a favor de tudo o que possa contribuir para a paz e as conversações", respondeu o premier francês.

Valls defendeu a Netanyahu o projeto francês de organizar até o fim do ano uma conferência de paz internacional. Para estabelecer as bases da conferência, quase 20 chefes de diplomacia e representantes de organizações internacionais se encontrarão em 3 de junho em Paris, mas sem a presença de israelenses e palestinos.

A conferência de 3 de junho "tem um único objetivo: a paz, para dois Estados, para dois povos. É necessário criar as condições favoráveis para reativar as negociações diretas entre israelenses e palestinos", declarou Valls.

Netanyahu é contrário à ideia de uma conferência internacional, mas já anunciou em várias ocasiões a proposta de uma reunião com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. A única novidade é que as conversações bilaterais aconteceriam em Paris.

Mas a contraproposta não parece mudar muito a situação. Os palestinos estão cansados das discussões bilaterais que não levam a lugar algum, da consolidação da ocupação e colonização israelense, que afastam cada vez mais a criação de um Estado palestino independente. Os palestinos respaldam o projeto francês.

A iniciativa francesa parte do fato de que as discussões bilaterais fracassaram e que a via de negociação está bloqueada.

Valls se reuniu com Netanyahu depois de visitar os túmulos das vítimas judaicas doe atentados na França.

Durante a visita, Valls multiplicou os gestos simbólicos em relação a Israel, mas sem deixar de repetir que "a colonização tem que acabar".

O primeiro-ministro francês insistiu que "a iniciativa não vai contra Israel", e sim favorece seus interesses e os dos palestinos.