Terror

ONU se diz 'horrorizada' com relatos de massacre de civis em Myanmar

A antiga Birmânia está mergulhada no caos desde o golpe ocorrido no início de fevereiro, que encerrou uma transição democrática

Por AFP
Publicado em 26 de dezembro de 2021 | 17:48
 
 
Medo em Myanmar: Em 10 meses, mais de 1.300 civis morreram, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), uma ONG local Foto: AFP

O subsecretário-geral da ONU, Martin Griffiths, disse neste domingo (26) que ficou "horrorizado com as notícias de um ataque a civis" em Myanmar em 24 de dezembro. O funcionário do alto escalão da ONU qualificou de "credível" a informação sobre a descoberta de 30 corpos em veículos incendiados no estado de Kayah (leste). "Condeno esses eventos graves", declarou Griffiths em um comunicado, no qual exortou "as autoridades a iniciarem imediatamente uma investigação séria e transparente".

Fotos postadas nas redes sociais no sábado mostraram dois caminhões e um carro incendiados em uma estrada no município de Hpruso, no estado de Kayah, com corpos dentro. Um líder das Forças de Defesa do Povo (PDF), contrário ao governo, disse à AFP que havia encontrado pelo menos 27 corpos. De acordo com o observatório Myanmar Witness, "35 pessoas, incluindo crianças e mulheres, foram queimadas e mortas pelos militares em 24 de dezembro no município de Hpruso."

Um porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, admitiu que ocorreram confrontos na área na sexta-feira e que soldados mataram várias pessoas, sem dar mais detalhes. A ONG Save the Children anunciou mais tarde que dois de seus funcionários em Myanmar estavam "desaparecidos". "Apelo às forças do país e a todos os grupos armados de Myanmar para que tomem todas as medidas necessárias para proteger os civis", disse Griffiths.

A antiga Birmânia está mergulhada no caos desde o golpe ocorrido no início de fevereiro, que encerrou uma transição democrática de 10 anos. Em 10 meses, mais de 1.300 civis morreram, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), uma ONG local. Em resposta, milícias de cidadãos das PDF surgiram no país e regularmente infligem reveses ao poderoso exército do país.