Crise geral

Polícia reprime protesto estudantil na Venezuela

Após declarar ‘golpe’, oposição convoca marcha em Caracas para esta quarta-feira (26)

Por Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2016 | 03:00
 
 
Tensão. Policial lança bomba de gás contra manifestantes em San Cristobal, Estado de Tachira George Castellanos/AFP

Caracas (Venezuela) e São Paulo. Policiais e estudantes venezuelanos entraram em confronto nessa segunda-feira (24) durante um protesto em uma universidade em Caracas para exigir a realização de um referendo para destituir o presidente Nicolás Maduro.

Segundo a mídia local, ao menos dois estudantes ficaram feridos após a polícia usar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para impedir que a manifestação saísse do campus da Universidade Central da Venezuela. Protestos estudantis também foram registrados em outras partes do país.

Líderes opositores convocaram manifestações para esta quarta-feira (26) contra a decisão da Justiça venezuelana de suspender o processo de coleta de assinaturas para a realização de uma consulta pública sobre a destituição de Maduro. O ex-candidato presidencial Henrique Capriles não descartou que a “Tomada da Venezuela” amanhã inclua uma marcha ao Palácio Presidencial de Miraflores, o que pode gerar violência.

No domingo, a Assembleia Nacional, controlada por adversários do chavismo, aprovou uma resolução para denunciar a suspensão do “referendo revogatório”, mecanismo previsto na Constituição para consultar a população sobre a destituição de governantes.

A oposição considera que a decisão da Justiça foi um “golpe de Estado”, pois teria rompido mecanismos constitucionais em prol da manutenção no poder de Maduro, que enfrenta baixos níveis de popularidade e uma grave crise econômica.

Os opositores querem que a consulta pública seja realizada antes de 10 de janeiro, para que seja convocada uma nova eleição caso Maduro seja derrotado. Se for realizada depois dessa data, assumiria o lugar do líder chavista o vice-presidente da Venezuela.

A Justiça suspendeu temporariamente o processo para a realização do referendo alegando ter encontrado fraudes na primeira etapa de coleta de assinaturas de eleitores favoráveis à consulta.

A suspensão do referendo deixou ainda mais tenso o clima político em um país que sofre com uma severa escassez de alimentos e remédios, assim como uma inflação prevista em 75% para este ano.

Nessa segunda-feira (24), a ONG Human Rights Watch lançou um relatório nessa segunda-feira (24) em que expõe o resultado de uma investigação sobre a crise humanitária na Venezuela, marcada pela falta generalizada de remédios, insumos médicos e alimentos.


Vaticano intervém para viabilizar diálogo

Caracas, Venezuela. O governo e a oposição venezuelanos vão iniciar um diálogo para superar a grave crise política no país em 30 de outubro próximo, na Ilha Margarita, anunciou nessa segunda-feira (24) o enviado do papa Francisco, Emil Paul, núncio apostólico na Argentina.

“Hoje (24.10) se iniciou o diálogo nacional durante um encontro entre representantes do governo e da oposição, com o propósito de estabelecer as condições para convocar uma reunião plenária na Ilha Margarita, no dia 30 de outubro”, disse o enviado em entrevista coletiva.

De acordo com o presidente do Parlamento, Henry Ramos Allup, o enviado do papa se reuniu em separado com delegados de ambos os lados para explorar a possibilidade de diálogo. “Ontem à tarde, à noite, uma delegação da Mesa da Unidade (Democrática, MUD) se reuniu com o enviado do papa, com o núncio e com os ex-presidentes da comissão da Unasul”, declarou Ramos Allup em entrevista ao canal privado Globovisión.

O deputado da oposição disse que o representante do sumo pontífice também se encontrou em separado com membros do governo do presidente Nicolás Maduro.