Vaticano

Texto preparatório para o sínodo reitera posições da Igreja sobre gays

No entanto, documento acrescenta que "os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser amparados com respeito e delicadeza"

Ter, 23/06/15 - 12h32

O Vaticano voltou a afirmar nesta terça-feira (23) que o casamento heterossexual é "a base indispensável para a formação integral da criança" no documento preparatório que servirá como base para o próximo sínodo sobre a Família, a ser realizado em outubro.

O documento, chamado de "Instrumentum Laboris" ("Documento de Trabalho"), será usado como referência para a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (espécie de "parlamento" da Igreja Católica), que será realizada no Vaticano entre 4 e 25 de outubro.

O texto foi preparado a partir de discussões anteriores e de consultas aos fiéis sobre assuntos como matrimônio, adoção, aborto e eutanásia.

Ativistas dos direitos LGBT (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) esperavam que o documento pudesse trazer uma linguagem mais conciliatória no que diz respeito à forma como a Igreja Católica aborda a homossexualidade, retomando sinalizações que a Igreja havia emitido recentemente.

Um documento preparatório para o sínodo, lançado no ano passado, defendia uma atitude de aceitação em relação aos fiéis gays. Entretanto, sua linguagem foi modificada após a mobilização de bispos mais conservadores, eliminando alguns trechos considerados mais receptivos.

O documento lançado nesta terça reafirma a posição da Igreja de oposição ao casamento homossexual e à adoção de crianças por casais de pessoas do mesmo sexo. No entanto acrescenta que "os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser amparados com respeito e delicadeza" e considera "desejável" que os projetos pastorais deem "atenção específica ao acompanhamento das famílias" que contam com membros homossexuais.

No que se refere à adoção e à educação, o texto afirma que o "amor conjugal entre um homem e uma mulher [...] constitui a base indispensável para a formação integral da criança".

Em relação a eutanásia e o aborto, o Vaticano insiste em que "a vida é um presente de Deus e, por isso, não pode ser descartada nem em seu começo nem no fim".

As discussões do sínodo servirão como base para que o papa Francisco elabore um texto com as orientações da Igreja Católica sobre temas relacionados à família.

Esse processo abre espaço para reformas, principalmente no que diz respeito à abordagem da Igreja em relação aos fiéis gays e divorciados.

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