Editorial

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A remuneração do professor indica o valor que governo e sociedade conferem à educação

A crise da escola

Publicado em: Sex, 21/06/19 - 03h00

O noticiário dos últimos dias esteve pródigo em dados sobre a educação no Brasil. Como 30% dos jovens estão fora da escola ou atrasados, o país tem 11 milhões de analfabetos. Em Minas, os professores gastam um terço da aula para pôr ordem na turma.

Na quarta-feira, em artigo, um professor resumiu a situação do ensino: “o professor finge que ensina, e o aluno finge que aprende”. Hoje, aqui ao lado, o professor Cristovam Buarque aborda a falta de prioridade da educação para os governos brasileiros.

Agora, a OCDE, comparando o poder de compra dos professores em 48 países, apurou que os brasileiros têm os piores salários do mundo. E o salário médio do professor brasileiro também não varia ao longo da carreira, ao contrário dos demais países.

Para comparar os salários dos professores de cada país, a OCDE converteu os ganhos de todos para o dólar e fez o cálculo do poder de compra de cada profissional em seu país. Os brasileiros recebem o equivalente a US$ 13.971 por ano, ou US$ 1.164 por mês.

A Dinamarca é o país com os melhores salários: US$ 42.841 anuais, ou US$ 3.570 por mês. Além disso, lá, os professores progridem na carreira, podendo receber até US$ 55.675 por ano. No Brasil, o aumento de salários não faz parte dos planos de carreira.

Convertendo aqueles valores para o real, o professor brasileiro ganha três vezes menos que um dinamarquês. Enquanto aqui o salário médio é de R$ 4.469,76 (podendo ter piso de R$ 1.982,54, como no governo mineiro), na Dinamarca é de R$ 13.708,80.

A remuneração do professor indica o valor que governo e sociedade conferem à educação. Se o docente é mal pago, o aluno não tem motivo para valorizar o que ele ensina, porque tem a convicção da pouca utilidade do seu conhecimento.

Como escreveu o professor Walber Gonçalves de Souza, nossa escola existe para quem não quer aprender e, como os governos e a sociedade, não veem utilidade nela.

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