Laura Medioli

LAURA MEDIOLI escreve aos sábados. laura@otempo.com.br

Bom dia, boa tarde, boa noite...

Publicado em: Dom, 09/06/19 - 04h00
“Mães, pelo amooor de Deus, nos poupem do parto ao vivo e a cores, com detalhes que só interessam aos médicos e aos próprios pais. Ninguém merece” | Foto: Hélvio

Na era tecnológica que vivemos, em que as cartas viraram e-mails e os bilhetinhos viraram WhatsApps, algumas regrinhas básicas deveriam vir juntas.

Intimidade, por exemplo, como o próprio nome diz, deveria ser uma coisa íntima, entre duas pessoas, não algo que viralize ou que se compartilhe entre rodas de amigos, muito menos com o intuito de causar humilhações e chacotas.

Li nesses dias que uma modelo se suicidou, acreditam que pelo fato de ela ter tido sua intimidade, entre quatro paredes, divulgada na rede.

O negócio é tão complicado que todo cuidado é pouco. E, sinceramente, pra que deixar filmar a transa com o namorado e depois se arrepender enormemente? Afinal, o namorado de hoje pode vir a ser o seu ex no futuro.

Outra de foro íntimo: acho bonito ver um bebê, recém-nascido, no peito da mãe, ainda com aquela carinha amassada. Mas, mães, pelo amooor de Deus, nos poupem do parto ao vivo e a cores, com detalhes que só interessam aos médicos e aos próprios pais. Ninguém merece. E não adianta falar que é lindo, pois não é.

Outra coisa que deveria ser repensada, apesar de bem-intencionada, é o excesso de “bons dias”, “boas tardes” e “boas noites”, geralmente acompanhados de florzinhas coloridas, bichinhos engraçadinhos ou paisagens como o nascer e o pôr do sol. Me desculpem a sinceridade, uma vez ou outra ainda vai, mas todo santo dia???

Acho o WhatsApp uma maravilha, nos facilita a vida quando temos que dar algum recado importante ou, eventualmente, relaxar com os amigos mais chegados, compartilhando piadas e memes divertidos.

Agora, em pleno sábado, às seis da manhã, você ser despertada com um “Bom dia!!!”, a vontade é de chorar!

Usamos o WhatsApp muito como objeto de trabalho, como facilitador da nossa vida corrida. Aí tem aqueles momentos em que você está numa reunião, mas aguardando a qualquer instante um recado importante do médico ou de um filho, e você escuta aquele barulhinho do celular te dizendo que chegou mensagem... Seu raciocínio e coração param por completo, você olha para a tela e topa com um “Bom dia!”, daquela mesma pessoa que ontem te enviou um “Boa noite!”, com direito a ursinhos pandas, com seus pijaminhas fofos, mandando beijinhos em forma de coraçõezinhos. Ai, ai, ai... Me desculpem, mas não dá.

Pior é quando as mensagens vêm por atacado, naqueles grupos de WhatsApp de que você faz parte e não tem como fugir. Quando o primeiro aparece com seu “Bom dia” do dia, isso se estende até as nove, enquanto o resto do grupo também resolve lhe desejar um dia bom. Aí, você põe na tecla “mudo” por um ano, mas depois, já na cama, se vê obrigado a deletar o disco, quer dizer, as frases quase monossilábicas com suas flores e bichinhos divertidos, antes que sua cota de imagens estoure.

Pior ainda é quando a pessoa quer te enviar um recado de verdade e, em vez de ditar o assunto numa única vez, escreve “Bom dia!”. E para. Aí manda outro: “Tudo bem?” Daí passa-se um tempo, você já nervosa, fica vendo a pessoa teclando a mensagem que nunca vem.

Tá bom, me desculpem de novo, mas eu acho que temos de ser práticos. WhatsApp é para dar recado, não dá pra ficar esticando o assunto. Para isso, existe o telefone.

Ok, vou parar de escrever, porque, desse jeito, não vou receber mais nada, nem as piadinhas engraçadas dos amigos que me fazem rir.

Uso muito as redes sociais, e-mails, celular e tudo que a tecnologia me oferece. Adoro ter essas facilidades, principalmente quando usadas com bom senso, objetividade e, claro, com humor, pois também ninguém é de ferro.