Acílio Lara Resende

“As redes sociais concentram poder demais”

Qual é o grau de responsabilidade de quem posta?

Por Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 

Sou leitor assíduo de jornais há várias décadas. Além desse velho – hoje, para alguns, mau hábito –, ouço diariamente emissoras de rádio e assisto a alguns dos jornais televisivos. Para mim, é indispensável acompanhar esses noticiários, mas, principalmente, as boas análises políticas e/ou econômicas que todos eles nos oferecem.

No momento, mantenho-me decidido: do computador não posso me livrar; do celular, que se transformou numa máquina de fazer doido, uso aquilo que de fato preciso. Mas não aceito ajoelhar-me diante das redes sociais, como se fossem a razão única da minha vida. Coisa que acontece com milhões de pessoas de qualquer faixa etária desde a infância. São dominados por fake news, invasores e aplicativos.

Sinto-me invadido quando ligo meu celular pela manhã e vejo várias “sugestões” na telinha, além de insistentes convites para participar de grupos sobre isso e aquilo. Quem permite essa invasão, leitor, quando não quero saber nem disso nem daquilo? E o WhatsApp, que era uma boa ferramenta e, agora, se tornou um intruso?

Na semana passada, em “O Globo” (14.1), a crônica “O poder e o poder das redes sociais”, da jornalista, escritora, teatróloga e fotógrafa digital (a primeira do país) Cora Rónai, pioneira do jornalismo de tecnologia (em 1982, no “Jornal do Brasil”), teria que ser lida por muita gente que, por causa das redes, lamentavelmente, se desinforma mais do que se informa. Cronista de tecnologia e do “Segundo Caderno” de “O Globo”, além de outras considerações sobre o patético ex-presidente Donald Trump, Cora concluiu assim sua crônica: “As redes sociais concentram poder demais; o que era óbvio agora está escancarado, e a discussão sobre a sua regulamentação está na ordem do dia”.

O poder que detêm as redes amedronta. Todos nós (e os nossos dados) estamos nas mãos de qualquer um que pretenda, por exemplo, nos vender algo do qual nem sequer imaginamos. Tudo, no fundo, envolve o vil metal. O mais impressionante, todavia, é a transformação que as redes trouxeram não só à política em si, mas, principalmente, às suas campanhas eleitorais. O difícil (ou impossível?) é trabalhar com essas ferramentas submetendo-se à ética e à verdade.

Eis o que diz Cora Rónai sobre Trump: “O presidente dos Estados Unidos é, em tese, o homem mais poderoso do mundo. Ele tem acesso a um aparato de comunicação sem igual: jornalistas das principais organizações de mídia do planeta cobrem a Casa Branca 24 horas por dia. Mas Donald Trump considera-se mudo sem as suas redes sociais”. A ação das redes, conclui Cora, “trouxe à luz um debate que, há tempos, elas tentam evitar – afinal, qual é o grau de responsabilidade que têm em relação ao que é postado em suas páginas”?

E pasme, leitor, Trump ainda deixou por aqui adeptos!