Seleção de políticos tem que ser desfeita depressa

Deus queira que estejamos à beira de uma revolução pelo voto

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2014 | 03:00
 
 
Duke

Inicia-se hoje, leitor, a Copa do Mundo. Há dias, disse neste espaço que vou torcer pela seleção canarinho, que, de modo geral, com uma ou outra alteração, reúne o que há de melhor em nosso futebol. Ao contrário, infelizmente, do que ocorre com a seleção de políticos que governa nosso país hoje (escolhida, aliás, por nós mesmos, não só pelo técnico Felipão). Essa, além de merecer vaias, tem que ser desfeita depressa pelo voto – único combustível capaz de deflagrar a mais autêntica das revoluções.

Ao decidir pelo apoio à nossa seleção de craques, me alinho aos brasileiros que têm plena ciência do que ocorre de ruim no país, mas também não chegamos a ser mestres em haraquiri político – flagelo terrível que vive o PSB de Eduardo Campos nessa tentativa infrutífera de se aliar à Rede Sustentabilidade de Marina Silva.

Gostaria, sinceramente, de só falar aqui sobre a magia da bola que rola hoje de pé em pé em nossos gramados de futebol ou, então, sobre os que a acariciam, a dominam e fazem dela o que querem. Infelizmente, porém, apesar do fascínio que o esporte exerce sobre mim, não posso deixar de lado, exatamente neste instante, em primeiro lugar, a última pesquisa Datafolha, concluída na quinta-feira passada, que confirma o que eu disse acima sobre o PSB e a Rede, mas confirma também os sentimentos de frustração e de mau humor que tomaram conta da maioria dos brasileiros; e, em segundo lugar, a conclusão a que chegou o instituto norte-americano Pew Research Center, que se baseou em levantamento feito entre os dias 10 e 30 de abril passado.

Esses dados ratificam que 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com o país. Depois da inflação (85%), criminalidade (83%), saúde (83%) e corrupção política (78%) são considerados os nossos principais desafios. Tudo indica, finalmente, que nosso estoque de paciência está se esgotando.

E é o que mostra a pesquisa Ibope, que aponta para um segundo turno na eleição para a Presidência da República, como aconteceu com a Datafolha da semana passada. Na do Ibope, Dilma foi a única que oscilou para baixo: em abril, tinha 37%, em maio, foi para 40% e, em junho, está com 37% das intenções de votos. Aécio, em abril, tinha 14%, em maio, 20% e, em junho, 22%. As intenções de votos nos adversários, somadas, cresceram cinco pontos: de 37% para 42%. No levantamento anterior, em maio, Dilma tinha 40%, e os demais, 37%.

Finalmente, leitor, não me perdoaria se não registrasse protesto veemente contra o que, à sorrelfa, acaba de acontecer no país. Aproveitando-se, quem sabe, da distração provocada pela Copa que, espera-se, transcorra em paz nos gramados brasileiros, e que, provavelmente, nos fará de novo campeões do mundo, a presidente Dilma Rousseff acaba de assinar decreto que, se vingar, terá inaugurado outra vez um “Estado Novo” entre nós. De três, uma: ou a presidente está de fato ideologicamente convicta do que assinou, ou não sabe o que assinou, ou não conseguiu se opor às alas radicais do partido, que, além de outras, começam a entrar em pânico com a possibilidade de uma perda insuportável – a de ser derrotadas nas eleições de outubro.

A tentativa, por decreto, de transformação da nossa democracia representativa em democracia direta, por meio de conselhos populares incrustados no governo e sob sua exclusiva subordinação, como bem lembrou o cientista político Bolívar Lamounier (que, em boa hora, citou o grande e saudoso Sobral Pinto), tem “catinga de fascismo”.

Que apreço tem dona Dilma pela democracia, hein?!