Acílio Lara Resende

Entre a pandemia e o ministro da Educação

Negligência com a saúde e com a moral

Por Da Redação
Publicado em 02 de julho de 2020 | 03:00
 
 

Se o presidente Jair Bolsonaro, leitor, tivesse apenas recomendado, desde o início, aos senhores ministros de Estado, aos governadores e aos prefeitos e ao povo brasileiro em geral, que usassem máscara de proteção facial e não promovessem aglomerações, a grave pandemia provocada pela Covid-19, que se alastrou pelo mundo e alcançou nosso país, não seria tão alarmante nem ceifaria tantas vidas.

Se o presidente agisse de outro modo, desde as primeiras notícias sobre brasileiros infectados e mortos pelo coronavírus, a situação do país hoje certamente seria outra. O juiz da 9ª Vara Federal Cível de Brasília, Renato Coelho Borelli, por exemplo, não lhe determinaria a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção facial em espaços públicos e estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, sob pena de multa diária de R$ 2.000. Sua afirmação – a de que tudo não passava de uma “gripezinha” –, e sua presença constante em Brasília, sem máscara e aplaudindo aglomerações de bolsonaristas fanáticos, foi simplesmente desastrosa. Não há como negar isso, leitor.

Se Jair Bolsonaro fosse mais atento em sua ação de governar o país, teria tomado ciência do que fez o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, professor por formação, que, em videoaula para o ensino fundamental, deu aos seus alunos belíssima lição de cidadania e pandemia: “O mais importante da vida – afirmou ele – é precisamente a vida e a saúde. Todo o resto perde o sentido sem vida e saúde. Educação, trabalho, divertimento, esporte, nada é possível sem vida e saúde. Se a pandemia é de todo mundo, deve ser todo mundo, unido, a tratar, prevenir, evitar e depois responder, combater”.

Infelizmente, porém, Jair Bolsonaro não demonstrou frieza e incompetência só na pandemia. Foi assim, também, na formação do seu ministério. E, agora, depois de demitir o execrável ministro Abraham Weintraub, convidou, para sucedê-lo, alguém que, no início, e até para os que se opõem a ele, deixou-me boa expressão. Finalmente – disse eu, confesso, de boca cheia –, teremos um professor como ministro da Educação, dono de um belo currículo. Um professor que disse claramente aos jornalistas que sua gestão seria técnica, e não ideológica.

Finalmente, algo de bom neste governo! Alvíssaras!

Durou pouco minha esperança. Dois ou três dias depois, vieram revelações envolvendo o ministro Carlos Alberto Decotelli: seu currículo foi maquiado por ele; não tem nem pós-graduação na Universidade Nacional de Rosário, nem pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, conforme declarações dos seus respectivos reitores. Além do mais, ele foi acusado de ter plagiado sua dissertação de mestrado na Fundação Getulio Vargas (FGV).

Que horror! Educação e moral não se confundem?!