ACÍLIO LARA RESENDE

No passado, debates eram duros, mas o PT hoje é perito na matéria

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2014 | 04:00
 
 
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Os debates entre candidatos a cargos majoritários, no passado recente, também permitiram excessos. Os mais vividos (refiro-me aos que se interessavam ou se interessam pela política) se lembram da disputa entre o PSD de Juscelino e a UDN de Lacerda. Lembram-se, dentre outros, do PTB de Vargas, Jango e Brizola (este, depois, o perdeu e fundou o PDT), do PSP de Ademar de Barros, do PRP de Plínio Salgado ou do PR de Arthur Bernardes, um partido miúdo, mas influente.
Os debates de hoje ganharam maior divulgação, ou seja, maior amplitude. Além dos jornais, do rádio e da televisão (e esta veio bem depois dos dois), inaugurou-se a internet, que ensejou as redes sociais. Cada detentor de um site ou um blog se transformou num canal de comunicação. A informação, hoje, está à mão de quase todos os cidadãos, mas, quando se buscam as redes sociais, há que se garimpar e desconfiar sempre. O seu grau de confiança deixa muito a desejar.

Com grande ênfase sobre as redes sociais, e com a ajuda da mentira na mão de quem a sabe usar, os debates se tornaram, em época de eleições, mais ríspidos. O escritor, humorista, jornalista e palestrante norte-americano Mark Twain, que nasceu em 30.11.1835 e morreu em 21.4.1910, já dizia o seguinte sobre essa arma: “Uma mentira pode dar volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos”.

O PT (refiro-me à sua cúpula), desde sua fundação, é um mestre na matéria e, de lambuja, implantou o tal “nós contra eles”, extremamente prejudicial ao país. Parece que o que ele deseja é nos dividir. Nada melhor, pois, do que a mentira para se obter essa divisão.

Nesta disputa entre Aécio e Dilma, o baixo nível dos debates, com o insistente uso de mentiras, de meias verdades ou da negação da própria, se deve muito mais aos que estão no governo e querem continuar lá. Já ficaram 12 anos, mas querem mais, muito mais. O que de fato aspiram é a permanência eterna, a eternidade no poder. A “democracia” que defendem não prevê alternância, já que só eles detêm a fórmula da felicidade dos pobres e desprovidos. A ameaça de Lula, em reunião de companheiros com a presidente, está gravada: “Dilma”, disse, “vou lhe contar uma coisa: eles não sabem (e, devagar, repetiu a frase quatro vezes) do que seremos capazes de fazer para que você seja a nossa presidente, por mais quatro anos, deste país” (sic).

Ninguém se sente bem (a não ser “eles”) com o vale-tudo em que se transformaram os debates entre candidatos. A ordem, por culpa do marqueteiro, é simplesmente destruir o adversário. O PT fez isso com Eduardo, com Marina e tenta fazer agora com Aécio. A disputa se transformou numa luta de MMA. Com isso, o tempo passa, e não sobra chance para se debaterem os problemas que garroteiam o país.

Se os 12 anos do PT no governo não contassem com inúmeros malfeitos, só a simples alegação de que democracia significa, principalmente, alternância no poder, a meu ver, já seria suficiente para pôr fim a um período, que teve bons momentos, mas que precisa passar agora o bastão a um mineiro legítimo. Isso permitirá a oxigenação em todas as áreas do governo, perigosamente tomadas pelo lulopetismo.

Que o PT vá para a oposição e reflita, por um bom tempo, sobre sua real finalidade. Que reaprenda a tratar a liberdade, o nosso maior bem. Se é que algum dia soube de fato tratá-la…
E que Lula reflita sobre a paranoia que o domina e o faz pensar que não há ninguém nem maior nem mais esperto do que ele.