Acilio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

Opinião

O ano de 2021 vai exigir mais coragem dos brasileiros

Publicado em: Qui, 07/01/21 - 03h00

O ano de 2020 está marcado: foi, sem dúvida, um dos piores por que já passei (ou já passamos, leitor?) em meus longos anos de vida. Nunca me entreguei ao pessimismo. Sempre procurei ser otimista, mesmo diante de cenários catastróficos à minha frente. Às vezes, até forcei a barra para não ver o que muitos viam com facilidade.

Talvez esteja aqui minha dificuldade em desejar aos brasileiros, nascidos neste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, tão celebrado na canção de Jorge Duílio Lima Menezes, o nosso notável Jorge Ben Jor, um 2021 de menos sobressalto. Não só na economia, mas, principalmente, na saúde e na educação, que têm sido inúmeras vezes objetos de incrível descaso pelo atual governo.

O editorial do “Estado de S.Paulo” do dia 1º de janeiro foi duro, desagradou a bolsonaristas, mas, infelizmente, foi verdadeiro. Começa afirmando que: “a partir de hoje, quando se completa a primeira metade do mandato, faltarão cerca de 17,5 mil horas – uma eternidade, considerando-se que se trata do pior governo da história nacional. O Brasil nada pode esperar senão mais obscurantismo, truculência e incapacidade administrativa, pois essa é a natureza de um governo cujo presidente não se elegeu para governar, e sim para destruir”.

Aguardo, hoje, ansioso, essas longas 17,5 mil horas do governo Bolsonaro, que se iniciaram há sete dias, apesar da opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirma em artigo que: “não é hora, contudo, para o ajuste de contas. A experiência diz que é melhor esperar que o tempo escoe do que precipitar o fim de governos”.

Será difícil o ano de 2021. Precisamos de coragem. Estamos saindo de um aprendizado e, como também disse FHC, “se o povo não insistir nas antigas preferências”, e se tivermos “a sorte de existir alguém que abra um caminho promissor, haverá novas eleições”.
Talvez esteja aqui, nas novas eleições que ocorrerão em outubro de 2022, a semente de uma esperança renovada. Pois é nelas que está e estará um dos principais esteios do regime democrático, que acabou de ser confirmado, recentemente, na eleição de Joe Biden.

Renovo essa esperança, mas sei que as instituições democráticas, em nosso país, ou na América Latina, mas nos Estados Unidos – a maior democracia do mundo –, foram duramente testadas ao longo de 2020, que até parece que ainda não passou. Há dias, o (ex) presidente Donald Trump, segundo reportagem do jornal “Washington Post”, achando que ganhou a eleição com mais de 100 mil votos na Geórgia, suplicou ao secretário de lá, Brad Raffensperger, que lhe arranjasse 11.799 votos. “Pessoal – disse –, eu só preciso de 11 mil votos”…

Leitor: depois dessa, reflita sobre esta última do presidente Bolsonaro: “O Brasil está quebrado. Não consigo fazer nada”.
Nem trabalhar, presidente? 

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