Ana Paula Moreira

Jornalista esportiva. Editora adjunta do caderno Super FC dos jornais O Tempo e Super Notícia, escreve quinzenalmente às quintas-feiras

Golaços de Atlético e Cruzeiro em campanhas

Publicado em: Qui, 08/03/18 - 03h00

Até muito tempo atrás, o Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, foi uma data em que nós, mulheres, ganhávamos flores, bombons e mensagens bonitas e ficávamos felizes com isso. Hoje, não mais. É claro que é sempre bom receber carinho com esses pequenos gestos, mas temos desejos maiores. O dia 8 de março é marcado pela luta feminina por melhores condições de vida e trabalho, por igualdade de gênero e de direitos. Uma batalha que data do início do século passado e ainda está longe de terminar.

Mas estamos caminhando. Hoje, não queremos flores, mas sim possibilidades iguais de trabalho, estudo e crescimento. Não queremos chocolate, mas desejamos ser respeitadas na sociedade, em casa, no ambiente profissional ou onde quer que seja. Não precisamos de mensagens bonitas, mas ansiamos pelo fim das cantadas, dos assédios e dos abusos. A luta para alcançar todos esses objetivos é diária, constante e árdua, mas cada pequena conquista é uma vitória que deve ser comemorada.

Atentos às mudanças provocadas pelas mulheres no Brasil e no mundo, os clubes de futebol mudaram a estratégia para homenagear o público feminino. Neste ano, o Atlético encabeçou uma linda campanha contra a violência doméstica, levando a líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres e vítima de violência doméstica, Maria da Penha, ao clássico de domingo passado contra o Cruzeiro. Uma personagem importante, ainda mais por ter o nome que serve para parte da torcida atleticana xingar o rival. Era o momento de esses torcedores entenderem que “Maria” não é xingamento e ser mulher não é um defeito ou problema, muito pelo contrário.

Além da presença da Maria da Penha, que dá nome à lei sobre violência contra a mulher, os jogadores do Atlético entraram em campo com o número 180, do disque denúncia, estampado nas camisas. O clube também divulgou em suas redes sociais outras personagens femininas importantes na luta por uma sociedade mais igualitária junto com a hashtag #NãoSeCale.

O Cruzeiro não ficou atrás. Depois da marcante ação do ano passado, quando jogadores celestes usaram camisas com números e comentários que faziam referências a violência contra mulher e desigualdade de gênero, o clube tentou uma campanha histórica. Junto com o Mineirão, o Cruzeiro distribuiu 15 mil ingressos para torcedoras para a partida de ontem, contra a URT.

O objetivo do clube era ter maioria feminina no Mineirão, o que seria um dia histórico. Como essa coluna foi escrita antes do jogo, não sei se a meta celeste foi alcançada. O Cruzeiro também pretendia fazer ações antes da partida de ontem. Mas não parou por aí: o clube azul também lançou um hotsite com conteúdo de reflexão e informação para as mulheres, com objetivo de mudar os números de violência, chamado #QuebreOSilêncio.

Além dos times mineiros, outros clubes pelo país fizeram campanhas parecidas. Os clubes são fundamentais nessa luta para servirem de exemplo para torcedores mudarem o pensamento e as atitudes. As ações referendam que o futebol também é nosso lugar, e isso não tem mais volta. 

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