ANA PAULA MOREIRA

Lugar de mulher é nos Jogos Olímpicos

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 02 de novembro de 2017 | 03:00
 
 

Os Jogos Olímpicos de Tóquio terão várias novidades. A principal delas é a maior participação feminina, que aumentará de 45% no Rio de Janeiro, em 2016, para 48,6% em 2020, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI). Um dos fatores que fará ampliar o número de mulheres é a inclusão de mais provas mistas na próxima edição dos Jogos.

A igualdade de gênero se tornou uma preocupação mundial, e os dirigentes do COI estão indo pelo mesmo caminho. Na última Olimpíada, apenas três modalidades tinham homens e mulheres numa mesma prova: badminton, tênis e vela. O hipismo é o único esporte em que atletas de sexos diferentes competem em igualdade de condições pela mesma medalha. Para 2020, teremos equipes mistas de atletismo, judô, natação, tênis de mesa, tiro, tiro com arco e triatlo.

Para tentar igualar o número de mulheres com o de homens, o COI também optou por retirar algumas provas para o programa dos Jogos de Tóquio. Na canoagem, os homens disputavam 11 provas, e as mulheres, cinco. Para 2020, serão oito provas para cada. No remo, pela primeira vez, o número de atletas homens e mulheres será o mesmo. Ou seja, várias modalidades tiveram diminuição no número de homens e aumento no de mulheres.

Já não era sem tempo. No Brasil, nós já somos maioria. Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, divulgada pelo IBGE em 2013, as mulheres estão vivendo mais, tendo menos filhos, ocupando mais espaço no mercado de trabalho e são responsáveis pelo sustento de 37,3% das famílias.

Se lutamos diariamente para mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser, e isso inclui quadras, gramados, piscinas e tatames, nada mais justo do que tentar equiparar a participação feminina com a masculina também na Olimpíada. Nas últimas edições, as brasileiras foram destaques da delegação e mostraram que o pódio também é lugar delas.

Nos Jogos do Rio, uma das medalhas mais comemoradas e importantes foi o ouro de Rafaela Silva no judô. A atleta, negra, pobre, vinda de uma favela carioca, que sofreu com o racismo na Olimpíada anterior, superou todas essas adversidades para subir ao lugar mais alto do pódio.

Como jornalista que esteve presente nos Jogos Olímpicos do Rio, também torço para que aumente o número de mulheres na cobertura esportiva de grandes eventos. Estamos, aos poucos, assumindo mais lugares de fala dentro do esporte, como repórteres, editoras, comentaristas, colunistas. Se a quantidade de mulheres trabalhando com jornalismo esportivo em Olimpíadas ainda é pequeno se comparada ao de homens, na Copa do Mundo, então, o número é ainda menor.

Que as redações de rádio, TV, jornais e revistas façam como o COI e tentem equilibrar o número de homens e mulheres nas editorias de esporte. Que, da mesma forma que teremos um aumento da participação feminina em vários esportes para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, também tenhamos mais mulheres na cobertura do evento. Que possamos ocupar cada vez mais os espaços que queremos. Porque competência para isso nós temos.