ANA PAULA MOREIRA

Ministério lança projeto Esporte sem assédio

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 05 de abril de 2018 | 03:00
 
 

O Ministério do Esporte lançou, na última semana, o programa Esporte sem Assédio com o objetivo de prevenir e combater a violência e o assédio às atletas brasileiras no território nacional e internacional. A campanha surge em um momento importante, quando pipocam denúncias no Brasil e no mundo em diferentes esportes como o caso da ginástica norte-americana. Além disso, há duas semanas, jornalistas de várias partes do país lançaram a campanha Deixa ela trabalhar, pedindo mais respeito às mulheres nos estádios e o fim do assédio.

É relevante um órgão público como o Ministério do Esporte aderir a este tipo de campanha para respaldar as reivindicações de atletas e repórteres. Enquanto muitas pessoas entendem e apoiam os projetos, outros tantos questionam ou, até pior, debocham da importância e das exigências dos profissionais – na maioria dos casos, mulheres – que trabalham com esporte e sofrem algum tipo de preconceito ou assédio. Assim, a entrada do ministério com o esse projeto fundamenta e dá garantias de que as autoridades estão mais atentas quanto aos possíveis casos.

Outra questão fundamental em campanhas deste tipo é a dimensão que o assunto ganha, podendo atingir outras pessoas que sofrem, mas têm medo de denunciar. O lançamento do projeto Esporte sem Assédio teve a participação da nadadora Joanna Maranhão, que foi vítima de abuso sexual pelo treinador na infância. Ela deu depoimento sobre o que já passou e o trabalho que faz no combate ao assédio no esporte.

“Fui vítima de abuso aos 9 anos pelo meu técnico da época e demorei muito para verbalizar. Estive em quatro Jogos Olímpicos, mas poderia não ter ido a nenhum se não tivesse o apoio psicológico e jurídico que tive. Muitas outras crianças não têm essa ajuda”, contou Joanna.

“A iniciativa é super importante. Nos últimos anos, estamos abrindo portas para que as mulheres falem sobre o machismo e a violência que sofremos. Virão muitas histórias à tona. Ter coragem de verbalizar uma violência sofrida é viver ela de novo. Quando chegam pedindo provas e perguntando porque demorou tanto para falar, isso fere muito. É o momento de ter empatia pelas vítimas que têm coragem de contar suas histórias”, concluiu.

A ex-ginasta Luísa Parente, que participou das Olimpíadas de Seul 1988 e Barcelona 1992 e é membro da 2a Câmara do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, também participou do evento de lançamento e cobrou mais comprometimento dos clubes de formação. “Falar sobre o assédio é importantíssimo – e no esporte não poderia ser diferente. Um ambiente saudável no esporte é um ambiente com profissionais comprometidos com a ética e com seus valores. Os clubes precisam, também, demonstrar que têm uma política clara quanto ao assédio. Esse programa integra ações para unirmos mulheres, homens e toda a sociedade”, destacou.

Várias atletas participaram da campanha, divulgando a hashtag #EsporteSemAssédio em suas redes sociais. As federações de futebol de do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco também divulgaram o programa nos jogos do último domingo.