ANA PAULA MOREIRA

Para nossa história não virar fumaça e cinzas

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 06 de setembro de 2018 | 03:00
 
 

Imagina se não absorvêssemos o conhecimento de nossos ancestrais e tivéssemos que começar tudo do zero a cada geração. Se todas as descobertas do passado se perdessem, não teríamos luz elétrica, computadores, carros e outros equipamentos que fazem de nossa vida tão confortável como é hoje. Até o futebol teria que ser inventado a todo momento. Essa é uma das importâncias da pesquisa e da história para nossa vida. Precisamos olhar o tempo todo para o passado para fazer um futuro diferente e não repetir os mesmos erros. 

O futebol, assim como o esporte em geral, está em constante evolução. Se não tivéssemos registro de como os times jogavam nas últimas décadas, como poderíamos aperfeiçoar técnicas, táticas e estratégias de jogo? As próprias mudanças nas regras, como inclusão de árbitro de vídeo, questões de tempo de partida, paradas técnicas, são mostras do progresso do esporte. Aprendemos com a seleção de 1970, por exemplo, a importância de um jogo coletivo, mesmo com grandes estrelas, e da movimentação dos jogadores de frente. Graças a registros de televisão, eu, nascida na década de 80, pude ver Pelé – o maior jogador de todos os tempos – jogar. 

Minha geração teve a oportunidade de assistir a grandes atletas, como Messi e Cristiano Ronaldo, atualmente, além de craques como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Romário, Rivaldo, entre outros. Mas meus filhos só poderão ver esses atletas em vídeos na internet ou na TV. Esses registros servem para manter viva a história, para servir de exemplo para entendermos o mundo atual e o rumo que ele está tomando.

Isso tudo para ressaltar que lamento profundamente o incêndio do último domingo no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que dizimou milhares de anos de história do Brasil e do mundo. A situação precária em que o museu se encontrava nos últimos anos, e o abandono que sofria por parte dos governos, é mais do que triste, é revoltante. É um descaso absurdo, que mostra como as autoridades pouco se importam com nossa cultura. Aliás, aproveitando que é ano de eleição, é importante observarmos o que nossos candidatos têm a dizer sobre questões como essas.

Cultura e esporte costumam ser assuntos praticamente ignorados pelos políticos, tanto no dia a dia como em campanha eleitoral. Após o incêndio do último domingo, todo mundo que entende um pouco a dimensão do que perdemos ficou indignado com a situação. Assim como em ano de Jogos Olímpicos aparecem várias pessoas reclamando da falta de investimento no esporte, visto o baixo número de medalhas que o Brasil conquista. Mas quem olha para o que seu candidato propõe, caso eleito, para a cultura e o esporte do país?

Claro que não temos que nos apegar somente a essas questões. Mas sempre detalhamos as propostas para saúde, educação, segurança, emprego – todas fundamentais –, e ignoramos o lado político do esporte e da cultura. Portanto, sugiro ler os programas de governo dos candidatos à Presidência para achar o que mais se assemelha a suas ideias. E que possamos, com o exemplo do museu, valorizar nossa história em todos os aspectos.