O mercado imobiliário e a indústria da construção civil como um todo vivenciaram um período de recessão, entre 2013 e 2018, puxado pelo enfraquecimento da economia, pela inflação e pelos altos índices de desemprego. Em 2020, com os juros na mínima histórica, a retomada do crédito imobiliário e a melhora na confiança dos consumidores, o segmento ensaiava a recuperação das vendas e se preparava para um novo ciclo mais positivista.
O que nenhum especialista da área esperava é que o país fosse vivenciar uma pandemia e entrar, novamente, em um processo de desaceleração. Mas para quem atua com o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), a crise provocada pela Covid-19 apresentou novas oportunidades. Na Emccamp Residencial S.A foi possível observar o acréscimo de 49% nas vendas de junho, em relação a fevereiro de 2020, nos mercados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em relação ao primeiro semestre do ano anterior, o percentual chega aos 206%.
Vários fatores contribuem para isso: a taxa de juros ocupa o menor patamar da história, há uma demanda reprimida dos últimos cinco anos e, com a campanha “Fique em casa”, ficou mais fácil localizar e identificar quem são os potenciais clientes. Normalmente, quem busca por moradia popular quer sair da sua atual – seja porque ela é compartilhada com outras famílias, seja porque o imóvel está em más condições – incômodo que foi amplificado pela fase de isolamento. O padrão de qualidade e o conforto em imóveis compactos, em tempos de home office, ficou ainda mais valorizado.
As medidas anunciadas pela Caixa Econômica Federal, incluindo as novas linhas de crédito e carência de seis meses para o início do pagamento das prestações de financiamento de imóveis novos, também representaram um bom suporte ao setor imobiliário. Além disso, as empresas que já apostavam nos processos de digitalização pré-Covid-19 saíram na frente quando a crise culminou. Se há algum tempo era impensável adquirir um imóvel sem visitá-lo fisicamente, hoje as vendas podem ser efetuadas 100% online, desde o tour virtual para conhecer o apartamento em todos os seus detalhes, passando pelas consultas aos corretores, até a etapa final de assinatura do contrato.
Com tudo isso, a tendência é que o Minha Casa Minha Vida ganhe ainda mais representatividade no total de negócios nos próximos meses. Atualmente, ele responde por 79% dos lançamentos e 71% das vendas no país, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). É possível vislumbrar um universo ainda melhor com o fim da pandemia e o restabelecimento dos empregos, da confiança e da estabilidade econômica.
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