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Opinião

Mulher negra em destaque

Publicado em: Sáb, 25/07/20 - 03h00

O Dia da Mulher Negra, comemorado neste 25 de julho, relembra a importância delas e os desafios diários enfrentados. Mesmo séculos depois, elas ainda sofrem as consequências da marginalização ao lidarem com o racismo e o machismo fortemente enraizados. A criação do estereótipo de beleza branca fez com que grande parte das mulheres negras não se enxergue em propagandas, filmes e produtos. O cenário parece estar mudando com a ampliação desse debate e a iniciativa das brasileiras afrodescendentes.

O problema atinge, desde padrões culturais e de estilo, até a questão da empregabilidade e oportunidades de carreira e educação. Uma questão que passa a ser amplamente discutida na mídia é a representatividade por meio do cabelo. Muitas pararam de alisar e aderiram aos cachos naturais. A transição capilar conquistou grande parte delas, representando um importante passo no processo de quebra de padrões.

O mundo da beleza enfrentou ainda outra quebra de paradigma com a inclusão de tons como base nas maquiagens em tonalidades pretas. Por mais absurdo que pareça, as mulheres negras enfrentavam grande dificuldade para encontrar tons que se aproximassem de sua cor de pele. A marca de maquiagens “Negra Rosa” é um exemplo de um passo à frente na inclusão com a criação de diversas tonalidades.

A exclusão ultrapassa ainda as barreiras da beleza, já que, no cinema, a representatividade também é um problema. Uma pesquisa da Agência Nacional de Cinema (Ancine) sobre os longas metragens lançados comercialmente em 2016, apontou que nenhuma obra levou a assinatura de negras. Por outro lado, as mulheres brancas assinaram a direção de 19,7% das obras. Os dados mostram a falta de oportunidades para a população negra, sendo gritante no caso delas e escancarando a dificuldade de acesso à educação e especialização.

Ao não se enxergar na propaganda, no cinema, entre as celebridades e na vida acadêmica, ela sente que não tem lugar na sociedade, prejudicando a autoestima e confiança. Paulatinamente, esse cenário está sendo modificado e desconstruído pela força e resistência desse público, marcando cada vez mais presença em todas as áreas sociais.

A 6ª edição do estudo "TODXS – Uma análise de representatividade na publicidade brasileira", feito pela agência Heads, em parceria com a ONU Mulheres, revelou um aumento de 25% na participação delas na propaganda. A estatística é positiva, considerando que na 1ª edição, a presença era de apenas 4%. Aos poucos, a brasileira negra ocupa espaços e toma o que o seu é por direito. É preciso que pessoas brancas também repensem sobre a necessidade de maior representatividade negra em todas as esferas, se questionando por que determinados espaços ainda não são ocupados por negros

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