É, entrar na “sala de aula”, conhecida como “live” e ter que fazer com que crianças e adolescentes tenham aula naquele espaço que cabe na palma da mão de seus alunos ou em uma tela de notebook não tem sido fácil. Para as crianças menores, o desafio de fazer com que desliguem os áudios e esperem a vez de falar, tendo que lidar com pais e avós que entram em suas aulas sem serem convidados e fazem intervenções, não respeitando o espaço e tempo do professor com seu aluno. Para os adolescentes, implorar que respondam! Suplicar que abram as câmeras e apareçam na tela, que usem o chat apenas para assuntos da aula, que entrem e fiquem até o fim. Enfim, nada fácil...
Estão fazendo malabarismos para que a aula seja agradável, que consiga prender a atenção do aluno, seja de qualidade e atenda às habilidades necessárias para o aprendizado. Enfrentam críticas o tempo inteiro, vindas de todos os lados. Muitos ignoram o que acontece do outro lado da tela. Dentro da casa do professor.
Durante uma live, a professora se desdobrando na tela, e eis que chega um ser bem pequeno, de pijama e, chorando, fala: “Mãe, me carrega?”. A professora fica muda, sem saber o que fazer. Ela está ao vivo com tantos alunos, trabalhando, e seu filho de 3 anos quer colo.
Depois de um dia inteiro em que professores deram suas lives, corrigiram e postaram atividades, responderam a perguntas na plataforma – que tem ser atualizada e respondida em tempo real, caso contrário há reclamações –, professores são convidados para uma reunião noturna. Conversa vai, conversa vem, aquela pauta que não acaba nunca, e, eis que chega um ser pequeno, querendo atenção – afinal, já está de noite!
Muitos professores estão tendo que lidar com o fato de que seus filhos pequenos não entendem que eles estão em casa trabalhando. “Como assim? Minha mãe, meu pai, quando chegam da escola, ficam comigo, brincam, me dão banho, comida, me colocam no colo, me fazem dormir.” Esse é o pensamento dos filhos de professores que fizeram de sala, cozinha e quarto seu espaço de trabalho e precisam que os filhos pequenos compreendam que eles estão em casa, mas não podem cuidar deles.
Aos professores, mulheres e homens, que têm filhos pequenos e estão lidando com essa situação, meus aplausos, respeito e solidariedade. Vocês estão se dedicando, como sempre, aos filhos dos outros, mas, infelizmente, dentro da casa de vocês, com seus filhos, que não entendem a situação e querem colo. Deem colo! Por favor, coloquem seus filhos no colo! Peçam licença a seus alunos para continuar a aula com o filho no colo um pouquinho, só um pouquinho, até alguém chegar e pegar sua criança.
Professores, vocês estão dentro de casa, e esse espaço ainda é privilegiado da sua família. Coloquem seus filhos no colo, sim. Feliz Dia dos Professores!
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