O TEMPO

No fim das contas, comece por elas!

Redação O Tempo

Por Fabiano Zica
Publicado em 25 de maio de 2018 | 03:00
 
 

É comum que nós brasileiro deixemos de lado nossos conhecimentos matemáticos para nos entregarmos à simples constatação de que uma determinada prestação cabe no bolso tomando como único critério nossa renda mensal. 

A questão é simples - se cabe na renda mensal eu posso e se não cabe eu não posso, não interessa tanto o tempo que demoraremos para quitar determinado compromisso... O contador adequado é o que reduz os tributos mensais e o advogado adequado é o que faz acordos na justiça que caibam na despesa mensal... Isso é, no mínimo, negligente. 

Poucos são os brasileiros que fazem suas contas levando-se em conta o Orçamento, no mínimo, anual. As consequências dessa negligência é que não apenas os comerciantes usam e abusam disso mas também o governo e, em diversos aspectos. 

Que a carga tributária brasileira é gigantesca e complexa qualquer pessoa sabe. Que temos possivelmente o maior número de obrigações acessórias relacionadas aos tributos em todo o mundo também é questão que praticamente todo mundo sabe. Vamos primeiro às consequências da negligência do planejamento em relação aos tributos - a primeira delas - é sabido que temos vários empresários brasileiros que entendem-se como sonegadores (que não pagam a carga tributária devida) e que operam com valores de terceiros. 

Essa questão (que muitas vezes é encarada pelos empresários como necessidade de sobrevivência) acaba por causar o problema de não permitir que o empresário possua dinheiro declarado (lastro) para aquisição de patrimônio. 

Isso não é algo desejável por ninguém, pois, o empresário acaba colocando parte dos seus bens (ou todos) em nome de terceiros (os quais chamamos de laranjas) ou ficam temendo por uma fiscalização que pode, em vários casos, inviabilizar seu negócio. Ocorre que, o assunto aqui é contas e não sonegação, por que tratarmos sobre isso? A questão é simples - questione à um empresário que sonega algum tributo (espero que você não conheça um) quanto ele sonega. A resposta, na maioria das vezes será - não sei! 

E se o empresário não sabe quanto sonega, também não possui um adequado controle de estoque e se ele não possui um adequado controle de estoque, não consegue fazer suas contas adequadamente e... seus funcionários também descobrem isso e não raras vezes, desviam do estoque diretamente para seu benefício, ou seja, a sonegação acaba facilitando que os funcionários roubem os empresários. 

E quanto ao governo? Esse se aproveita com o fato de que os empresários não costumam fazer planejamento, assim, quando não possui dinheiro no dia exato para pagamento dos tributos imediatamente aderem ao parcelamento dos tributos (que comumente apelidamos de refis, embora esse não seja o nome de todos os parcelamentos), que possuem parcelas baixas no início e juros baixos, mas, por muito tempo. A questão é simples - poucos juros, por muito tempo, são muitos juros! Como os parcelamentos são longos, embora as parcelas sejam baixas no início o valor pago no total fica absurdo!

Em muitos casos é melhor ao contribuinte empresário pegar o dinheiro no banco para pagar os tributos ou, simplesmente, não pagar o tributo ou, no caso mais acertado, questionar seu pagamento para conseguir uma prorrogação com menos riscos! 

Assim, conclui-se que antes de chegar ao fim, comece fazendo suas contas!