Cadu Doné

Galo, Palmeiras e a importância do grau

Há algum tempo mencionamos Atlético, Flamengo e Palmeiras, numa repetição até exagerada – porém, de certa forma, pertinente –, não apenas como os melhores elencos do Brasil

Por Cadu Doné
Publicado em 24 de setembro de 2021 | 03:00
 
 

 

Galo, Palmeiras e a importância do grau

Há algum tempo mencionamos Atlético, Flamengo e Palmeiras, numa repetição até exagerada – porém, de certa forma, pertinente –, não apenas como os melhores elencos do Brasil. A questão sempre foi – e segue – além. Os três gigantes, com construções diferentes, turbinados por rios de dinheiro, se encontram em outro patamar. Numa espécie de liga particular. Com o passar dos meses, com o Verdão diminuindo sua atuação no mercado, e mineiros e rubro-negros permanecendo com considerável agressividade, parece que houve um tipo de descolamento dentro da trinca de ouro. Não gigante. Generosas doses de equilíbrio permanecem. Galo e Flamengo, porém, deram ligeiro salto à frente do plantel comandado por Abel, que, inclusive, desde o início da temporada, vira e mexe, solta indiretas para sua própria chefia, meio que lamentando a carência de reforços. 

 

Galo é melhor

Com relação ao Palmeiras, Atlético e Flamengo gozam de vantagem primordial: talento, estrelas no ataque, na criação. O clube da turma do amendoim, obviamente, permanece qualificado também nesse setor. Rony, Rafael Veiga, Zé Rafael, Scarpa – estranha e repentinamente escanteado após fase na qual foi amplamente elogiado... Mas na estirpe de Nacho, Hulk, e Diego Costa; no nível de Arrascaeta, Bruno Henrique, Éverton Ribeiro e Gabigol, há lacunas na Barra Funda. Esta desvantagem no que tange ao poder de decisão, de desequilíbrio de suas peças, em determinada medida, justifica a adoção de alguma cautela diante da trupe de Cuca, mesmo jogando em casa.

 

Pobreza

O ponto é: linha tênue, exagero. Um Palmeiras reativo, esperando para dar o bote, armando uma casinha, com pouca iniciativa para controlar com a bola, não deixou ninguém boquiaberto. A passividade, a satisfação com o empate em seus domínios, contudo... Gosto de Abel Ferreira. Não colo em sua vitoriosa trajetória por nossas terras os rótulos de profissional “retranqueiro”, “pouco sofisticado”, “resultadista”. Na terça, todavia, ele deu munição para seus detratores utilizarem esses adjetivos.

 

Cuca bem e jogo chato

A despeito da chatice da partida, da carência abissal de chances de gol, relativizo a narrativa de que, apesar de seu escrete ter atuado mal, Abel teria levado o “duelo de estratégias”. Disparate. Cuca concretizou o trabalho dele. Tirando pequenas críticas, ligeiros ajustes, levando-se em conta as circunstâncias, não aponto que o Galo decepcionou. No primeiro tempo, provou-se melhor e mais perigoso. Não esqueçamos da perda do pênalti. A iniciativa e a imposição com a posse me agradaram.

 

Calando os críticos

Pegando como base, sobretudo, os cotejos recentes, e até abarcando o de terça no pacote, Cuca permanece arrefecendo o ímpeto de seus injustos detratores não somente por sua equipe corresponder; na forma, na ideia... Ao contrário das lendas urbanas, sua suposta predileção pelos contra-ataques desapareceu de maneira cristalina. A preferência por um conjunto que dita o ritmo com a troca de passes está cada vez mais caricata, inquestionável. Gosto de ver o Galo assim.

 

Incoerência

Se Cuca, num embate em casa, esbarrasse na covardia, se limitasse às bolas paradas, à espera do oponente, aos laterais na área...

 

Injusto

Dentro da “aldeia”, fala impopular: não é correto, num duelo de ida e volta, só um dos lados ter torcida. Se fosse o contrário...