Cadu Done

Cadu Doné

Mudanças de Cuca

Publicado em: Qua, 19/05/21 - 03h00

Mudanças de Cuca

Cuca tem feito um bom trabalho até aqui e está correto ao mencionar que a cobrança em cima do Atlético vem sendo tão desproporcional quanto insensata. Tentar colar o rótulo de “Professor Pardal” no treinador alvinegro simplesmente por ele ter escalado dois laterais esquerdos juntos, e posicionado Réver como volante, é prestar um desserviço ao debate público. Cabem, porém – sem julgar sumariamente –, reflexões sobre a estratégia utilizada no último domingo. Arana esbanja talento, habilidade, versatilidade. Pelo refinamento absurdo que esparge, torna-se fácil vislumbrá-lo operando com mais liberdade pelo lado esquerdo, ocupando, por exemplo, uma espécie de segunda linha pela beirada. Lembrando dos tempos de Sampaoli, permanece tatuado no imaginário o desempenho colossal que este atleta apresentava afunilando assiduamente na fase ofensiva.  

Embolando o meio-de-campo

A destreza para realizar certas tarefas partindo de determinada posição revela-se diferente da percepção de que a peça em análise há de se transfigurar num especialista naquilo que faz como um complemento, dentro de um cenário específico. Trocando em miúdos: o sujeito competente para executar o papel de “lateral-meia” – Arana, João Cancelo... – não necessariamente deve se transformar, de maneira institucionalizada, numa opção para começar os jogos com a atribuição de um meio-campista. A retirada de uma arma de lado para povoar o centro é chave para a estratégia de superioridade numérica eventual na parte mais nobre do campo se materializar.

Mania tupiniquim

Outro vício comum por aqui: se um futebolista de defesa desnuda atributos favoráveis para a criação e/ou para a conclusão, o pendor para adiantá-lo parece irresistível. Nesta esteira, zagueiros de bom passe, na cabeça de muitos, precisam virar volantes; laterais dribladores, velozes, condutores de bola, pontas. Raramente estas adaptações se provam benéficas. A vantagem que torna vários jogadores especiais passa justamente pela posse de um “índice de habilidade” superior ao usual na sua posição.

Arana e Keno

O primeiro segue no topo das listas dos mais valiosos da sua função no Brasil. No labor do segundo, todavia, não impede o decréscimo no “grau de qualidade” do todo. Em diversos sentidos, o sucesso no esporte bretão depende da soma de características e de excelência das partes. Por mais que um lateral transborde eficiência para atacar, a ausência de um extremo que desmonta as linhas inimigas dificilmente será amainada sem que uma alternativa detentora de dotes similares entre em seu lugar.

Reserva ideal

Em função do quadro esmiuçado, ao menos a priori, elucubrando a respeito de circunstâncias nas quais Keno esteja indisponível, vejo Marrony como o substituto mais indicado no elenco. Na era Lucas Gonçalves, inclusive, o jovem que veio do Vasco destacou-se atuando exatamente na faixa que Keno costuma preencher – aberto, pelo flanco canhoto. Ademais, ambos compartilham incontáveis valências: agilidade, verticalidade, agressividade para buscar o “um contra um”...

Patacoada

O contorcionismo de inúmeros dirigentes forçando a barra para defender a presença de público nos estádios exala ignorância.

Abertura

A flexibilização em praças esportivas há de ancorar-se somente em melhoras substanciais e consolidadas nos números da pandemia.

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