Cadu Done

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O sucesso do América

Publicado em: Sex, 14/05/21 - 03h00

O sucesso do América

Em exemplar texto publicado no site “Um Dois Esportes” no dia 22 de março deste ano, Irlan Simões, especialista em análises econômicas do meio esportivo, examinou, com profundidade e rigor, as elogiadas gestões de Flamengo e Palmeiras. Sem tirar os méritos de ambos, ponderou que a arrancada da dupla não se configuraria apenas pelas virtudes organizacionais: houve todo um contexto, esmiuçado por ele, que compôs um quadro favorável. Na cuidadosa apreciação em tela, Simões elogiou o trabalho das diretorias do Coelho nos últimos anos. Realista, contudo, ressalvou: “Não é a boa gestão do América-MG que será capaz de evitar um rebaixamento contra clubes de poder financeiro equivalente que, entretanto, não possuem controles de gastos rígidos – e se livram do descenso exatamente por isso. A ‘responsabilidade’ acaba cobrando um preço muito alto”.

Time “ioiô”

O decacampeão mineiro costuma receber a alcunha, carregada normalmente de tintas pejorativas, de clube “ioiô”. No início da atual temporada, após poucos jogos em que apresentou rendimento ruim, integrantes da imprensa descambaram para o populismo usual; vociferaram que o América precisava de reforços, que “já tinham visto esse filme antes”, e que o elenco não combinava com a Série A. Lendo reflexões como a de Simões, juntando a ela todo um convívio que temos com a realidade alviverde em BH, sem idealizações, romantismo, pensemos: não será normal, de certa forma até desdobramento de uma virtude, o América enfrentar mesmo a decantada gangorra? 

Mal-acostumados

Conforme escrevera há alguns anos: historicamente, o Coelho ladeava, na hierarquia do futebol tupiniquim, o seu xará carioca, o Bangu, a Portuguesa... Onde foram parar estes expoentes de determinado patamar médio do cenário brasileiro? Ninguém sabe, ninguém viu; se manter sólido, com merecida aura de ilha de exceção, por tanto tempo, tendo em vista o diminuto tamanho de sua torcida, revela o mérito louvável dos mandatos brilhantes que o América comportou ao longo de sua linda trajetória. 

Qualidades e defeitos

No misterioso território do âmago humano, e mesmo no mundo exterior que ele habita, virtudes e defeitos não raramente estão mais próximos do que se imagina. Não montar plantéis recheados de modo a aumentar substancialmente a chance de permanecer na primeira divisão por um período genuinamente longínquo, provavelmente se entrelaça com a receita que evita catástrofes maiores as quais poderiam lançar o clube em riscos irreversíveis – na linha dos que derrubaram os “primos” aqui citados. 

Jogar para galera

Ao invés de sucumbir à ânsia de fruir um esplendor midiático, edificando esquadrões na mesma medida cristalinamente qualificados e fora do alcance monetário da instituição, talvez gozando de poucos anos de um protagonismo evidente, melhor cravar o pé no chão, colher a estabilidade possível por meio de uma abordagem controlada, marcada pela temperança, e, adornando pontualmente o que já desfila com considerável solidez, tentar beliscar voos maiores gradualmente.   

Decisão

O Galo esbanja estrelas, talento individual; o Coelho apostará nos frutos da continuidade, do entrosamento, do labor coletivo.

Titular?

Depois de um começo de temporada turbulento, Ademir voltou a agradar. Será titular domingo? Dúvida importante no time de Lisca.

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