Cadu Done

Cadu Doné

Picuinhas contra o Galo

Publicado em: Sex, 18/06/21 - 22h22

Picuinhas contra o Galo

Tentar desvalorizar a vitória do Galo sobre o Inter em função de algum sofrimento enfrentado pelos mineiros no segundo tempo configura uma inversão de valores desonesta intelectualmente. O triunfo alvinegro foi grandioso, repleto de simbolismo. Liam Gallagher diria: colossal, celestial. Bater um possível adversário direto, fora de casa, com desfalques tão numerosos quanto qualificados, e perdendo atletas em sequência por contusão, dentro do próprio cotejo, não é tarefa para qualquer um. Precisamos encarar o futebol além da mera análise que abarca posse de bola, número de finalizações, prevalência em termos de certo volume. Capacidade para ler circunstâncias revela-se fundamental. Despropositado exigir que um escrete mutilado sobrepuje oponente forte com uma superioridade incontestável ao longo de 90 minutos. Zaga reserva, Nacho fora...

 

“Saber sofrer”

A expressão banalizou-se, passou a ser utilizada, por exemplo, por técnicos retranqueiros para mascarar a própria mediocridade. Em determinadas ocasiões, todavia, ela ressoa cabível para elucidar situações pontuais. Hulk tem razão ao invocá-la para exaltar os méritos desfilados por sua equipe no Sul: a performance do Atlético exalou sim generosa dose de inteligência emocional, de força psicológica para suportar adversidades. A linha que separa o sucesso do fracasso no ludopédio costuma desvelar-se mais tênue do que supõe a ânsia da crônica por encontrar respostas redentoras. A bola também entra – e sai – pelo acaso; não subestimemos a sorte.

 

Ponto a melhorar

Não descambar para críticas excessivamente instrumentais – diminuindo insensatamente o feito dos comandados de Cuca amparando-se, por meio de uma matemática enganosa, no número de chances do Colorado na etapa derradeira –, não indica enveredar pela estrada do autoengano: a aptidão para respirar, controlar um pouco mais com a posse deve crescer no conjunto preto e branco; esta valência, diga-se, independe da adoção de um viés preferencialmente reativo. Não estamos falando de coisas excludentes.

 

No bolso

Guga, frequentemente associado à insegurança defensiva, colocou meias e pontas que caíram pela esquerda do ataque gaúcho no bolso. Quanta eficiência na marcação! Oito desarmes, duas interceptações, seis rebatidas: o ótimo Patrick certamente sonhou com o “Manezinho da ilha” depois de degustar seu chimarrão com “Whey Protein” pós-jogo. Mariano cresceu com Cuca, mas a lateral direita atleticana tem dono – e felizmente ele não foi convocado para a Olimpíada; não perderá duelos contra o Boca.

 

Versatilidade

Na era Sampaoli, Hyoran atuava como meio-campista que transitava de área a área em um 4-3-3. Vivendo fase para lá de favorável com Cuca, o ex-armador do Palmeiras vem ocupando faixa de campo diferente: ora pela esquerda, ora pela direita, sempre pelos flancos, Hyoran tem surpreendido positivamente pela aplicação tática, pelo precioso auxílio oferecido aos laterais na recomposição; na vitória sobre o São Paulo, seu desempenho foi perfeito em termos estratégicos.

 

Recuperação

Allan brilhou no Flu como símbolo do jogo de posse preconizado por Diniz. No Atlético, cresceu bastante nas últimas partidas.

 

Mestre Cuca

A escalação com cinco meio-campistas que o Galo utilizou na quarta se mostrou certeira. Cuca tem feito trabalho excepcional.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.