Candido Henrique

Editor do Portal O Tempo e jornalista esportivo por mais de uma década, escreve no Super FC aos domingos

2018 de mudanças no mundo e no futebol

Publicado em: Dom, 15/04/18 - 03h00

Os Estados Unidos atacaram a Síria na noite desta sexta. A Rússia contra-atacou e fala que ação “não ficará sem consequência”. Vladimir Putin retoma a corrida espacial e fala em voltar a pisar na lua em 2030,Donald Trump amplia a corrida armamentista. 

Os russos são pegos em escândalo de doping e não participaram dos Jogos de Inverno. Os americanos fazem campanha pífia nas eliminatórias e não participarão da Copa na terra de Dostoievski. 

O mundo em 2018 é uma remasterização daqueles tempos de Guerra Fria, em que havia um temor de um confronto nuclear global. Com os atores mantidos, hoje, o mundo assiste tudo com apreensão. Será o início de uma nova guerra silenciosa? Trump indica que sim e fala que a relação hoje “está pior do que durante a Guerra Fria”. 

É neste cenário que chegamos a 60 dias da Copa. Um torneio que pode reforçar o poder político da Rússia, mas também escancarar diferenças. Ao contrário do Mundial no Brasil, o Reino Unido já informou que não enviará nenhum representante legal para a Copa. Ou seja, nada de príncipe por lá. O futebol dos donos da casa é fraco e pouco deve acrescentar ao mundo da bola. No entanto, veremos neste Mundial uma mudança geracional importante. 

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo vão para o quarto mundial. Eles participam desta competição desde 2006 e nunca levantaram a taça. No período em que estiveram em campo, viram italianos, espanhóis e alemães serem campeões. Messi foi o que chegou mais perto, sendo vice em 2014. Seria a última chance destes dois gigantes do futebol entrarem também na história das Copas? 

Como são lendas e alienígenas da bola, eu não ousaria em responder a essa pergunta. Não me surpreenderia em vê-los no Catar em 2022. No entanto, há grandes nomes que pedem passagem e podem fazer o mundo da bola também girar ao contrário. 

A operação de Neymar pode fazer com que ele brilhe mesmo apenas no Catar, abrindo espaço para dois ícones atuais: o belga Kevin de Bruyne e o egípcio Mohamed Salah. De Bruyne lidera uma geração belga que pode fazer estragos em uma Copa. Figura importante no Manchester City de Pep Guardiola, joga em alto nível há alguns anos. No entanto, o nome que mais gosto, hoje, é do egípcio. O momento de Salah, para mim, se assemelha muito com o do búlgaro Hristo Stoichkov em 1994. 

Vou poupá-los das minhas analogias baratas entre Bulgária, Egito e Rússia e falar apenas de futebol agora. Salah roubará, em 2018, o posto de terceiro melhor jogador do mundo, com certeza. 

O egípcio é a prova de que Neymar fez a pior escolha possível ao ir para o Paris Saint-Germain. Voando no Liverpool, se Salah conseguir trazer o seu espírito para a seleção do Egito, uma mágica pode acontecer.

O grupo do Egito é o mais fácil. E não seria milagre que passe às oitavas de final ao lado do Uruguai, numa chave com Arábia Saudita e Rússia. No mata-mata, Salah pode ser o diferencial, se o Egito repetir grandes campanhas como a da Bulgária em 1994. O mundo está mudando, o futebol também está.

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