Candido Henrique

Editor do Portal O Tempo e jornalista esportivo por mais de uma década, escreve no Super FC aos domingos

A goleada, os recados e a sorte do Cruzeiro

Publicado em: Dom, 29/04/18 - 03h00

Os sete gols na Universidad de Chile foram recados dados por Mano Menezes e pelo Cruzeiro a muitos setores, inclusive à crítica.

A vitória com grande saldo de gols coloca o Cruzeiro na vice-liderança do grupo da Copa Libertadores e afasta os pensamentos de eliminação.

A goleada nível Alemanha é uma resposta aos críticos de Mano Menezes, tanto da torcida quanto da imprensa. É um recado do tipo: “não sou retranqueiro”.

Mano Menezes, com a grande vitória sobre a La Universidad, também mostrou a quem já pensava em pedir sua cabeça que, no Brasil, há poucos técnicos melhores do que ele.

No futebol brasileiro, a instabilidade é uma condição certa na vida de um técnico de futebol. O único plano de jogo parece ser a vitória. Como chegar a isso pouco importa.

O problema é que se não vencer, não conquistar títulos, isso pode significar que o seu trabalho foi um fracasso. 

O técnico Mano Menezes, mesmo com dois títulos em um ano, já caminhava para este questionamento, mas a goleada estancou as tentativas.

Competência de Mano e sorte do Cruzeiro. Trocar o comando neste momento, mesmo com uma eliminação precoce na Libertadores, seria um erro. Sorte que isso parece que não irá acontecer.

Galo mostra o erro. Há vários exemplos de que a troca de um treinador competente e com um desenho de jogo bem construído é um erro, entretanto vou pegar um exemplo ao nosso lado: o do Atlético.

Com a ambição de ser campeão Brasileiro, o Galo colocou tudo a perder desde que demitiu Levir Culpi após o vice-campeonato em 2015. 

Levir tinha conceitos e acredita que o ideal era o saneamento financeiro do clube. 

Isso soa bem ao que o presidente do clube Sergio Sette Câmara e o diretor de futebol do Atlético Alexandre Gallo falam hoje, e era o que Levir falava lá em 2015, mas teve o trabalho interrompido depois de um segundo lugar em 2015 e a conquista da Copa do Brasil em 2014.

Depois de Levir passaram seis técnicos pelo Galo. Vieram Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo de Oliveira e, agora, Thiago Larghi.

Fora o campeonato mineiro de 2017, a única conquista do Galo com esta política foi um quarto lugar no Campeonato Brasileiro de 2016. 

Algo errado aconteceu no time alvinegro. O Atlético saiu do trilho ao deixar de apostar em um comando forte, com conceitos e certezas.

América é exemplo positivo. A longevidade do técnico Enderson Moreira no América é mais uma prova que um trabalho de longo prazo vale a pena. Passar por tormentas e continuar vivo ajuda na formação da equipe.

Lembrando que Enderson Moreira foi mantido mesmo após rebaixamento à Série B em 2016 e que, neste ano, não alcançou a meta de chegar, ao menos, na final do Campeonato Mineiro. Ponto para o América.

Rotina. Voltando a realidade da maioria, os clubes mineiros devem contar menos com a sorte em campo e apostar mais no trabalho.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.