CÂNDIDO HENRIQUE

A quem interessa a vida particular do atleta

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2017 | 03:00
 
 

Nas últimas duas semanas, atrasos e farras de jogadores de Atlético e Cruzeiro ganharam os noticiários e também as rodas de conversa dos torcedores mineiros.

Sassá, atacante celeste, teve foto vazada no Whatsapp. Nela, ele fazia festa com muita cerveja e fumando um narguilé, espécie de cachimbo de água de origem oriental, utilizado para fumar tabaco aromatizado.

Cazares chegou quase duas horas atrasado à Cidade do Galo, perdeu a titularidade e, o que já era assunto, ganhou ares de fofoca depois que apareceu uma foto dele ao lado de uma morena justo no dia da falta.

O primeiro caso não foi punido pela diretoria celeste, já que ele estava em seu momento de folga. Já o equatoriano não escapou da “caixinha”, uma multa que o jogador paga pelo atraso, e também de um castigo: teve que dormir na Cidade do Galo de sexta para sábado.

Sassá e Cazares são tidos como jogadores problemas. E toda vez que “aprontam” uma dessas, a opinião pública e dos torcedores relembram casos de jogadores que se “perderam” pela farra e deixaram grandes oportunidades irem embora.

Perguntas

Lanço agora algumas perguntas sobre como devem ser tratados os jogadores. Há casos em que sabemos que se trata mesmo de um desvio de conduta. Um castigo basta. Mas e quando isso se repete? Como os clubes devem comportar?

A desvalorização do jogador é clara. Poucos são os atletas que conseguem contratos melhores ano a ano com uma carreira desregrada, cheias de farras e produção em baixa dentro de campo. Vamos lembrar que o futebol é uma indústria que movimenta bilhões e cobra muito de quem trabalha nela.

Por isso, ao apostar em jogadores com este perfil, o clube deveria também se preparar para estes momentos tensos.

Um exemplo

No entanto, nada fará efeito se o próprio atleta não estiver disposto. Exemplo disso é Adriano. Reverenciado por Ibrahimovic, como um dos maiores com quem já jogou, o atacante revelado pelo Flamengo desistiu de jogar futebol por um tempo.

Adriano deu uma entrevista esclarecedora para Bial, na Globo, e merece nossa reflexão sobre como o vemos.

Sofrendo de depressão, o atacante não queria mais jogar futebol e foi justo com todo mundo. Primeiro com ele, depois com os clubes que continuavam buscando.

Do lado de fora, Adriano virou sinônimo de fracasso. De alguém que desperdiçou um grande talento e a oportunidade de criar um império no futebol. Após a entrevista, vimos um homem corajoso e que optou pelo simples de sua vida.

Mais perguntas

Continuando a sessão de perguntas: o que você faria se tivesse 20 e poucos anos e uma conta bancária gorda que você mesmo conquistou? Na intimidade, muitos dirão que fariam o mesmo que Cazares e Sassá fazem. Outros optaram pelo caminho de Cristiano Ronaldo.

Não há uma verdade, amigo. O que há são caminhos e, como já disse nesta coluna, a indústria do futebol não perdoa quem não dá retorno a ela. No entanto, o que ela dá nem sempre é o que o jogador quer. Há que se respeitar.