A era da cerveja

Brasil segue expansão e registra duas novas cervejarias a cada três dias

País alcançou a marca de mil cervejarias em junho deste ano

Por Renata Abritta
Publicado em 01 de julho de 2019 | 14:00
 
 
No ano passado foram registradas 2 cerveja a cada dois dias, agora são duas a cada três Arquivo Pessoal

No início do ano, dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontaram que uma cervejaria foi criada a cada dois dias no país em 2018. Neste ano, o crescimento do setor se intensificou. Nos primeiros cinco meses de 2019, foram abertas 111 fábricas, o que corresponde a duas novas cervejarias a cada três dias.

Outro marco é que o Brasil acaba de contabilizar mil cervejarias. A milésima fábrica foi criada em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, o que demonstra também que, aos poucos, a cultura da cerveja artesanal está se expandindo para o interior.

Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), vê os números com otimismo. “É um marco importante. Eu prefiro ver o copo bem cheio do que vazio. Claro que existe a preocupação com as cervejarias no que se refere à sustentabilidade do negócio, mas é um dado importante, uma vez que temos um grande número de consumidores e um grande potencial de interiorizar e democratizar a cerveja. Agora a gente começa a viver de verdade a história da cerveja”, afirma.

Segundo Lapolli, o Brasil tinha um número muito pequeno de cervejarias há alguns anos, então, chegar a mil prova que o setor tem potencial. “Temos cervejarias em aproximadamente 500 municípios, que abrangem um universo de praticamente 90 milhões de habitantes. Então, nós atingimos uma boa parcela da população, mas ainda tem quase 5.000 municípios sem fábricas”, explica ele.

Expectativa

A previsão do presidente da Abracerva para este ano é que o setor apresente crescimento superior a 30%. “O movimento continua num crescente neste ano, e tem muita gente ainda no compasso de espera para ver o que vai acontecer com o país. É natural, diante da situação da economia. Ouvi críticas dizendo que já tem muita cervejaria, mas acho que temos sentido a crise como qualquer negócio tem sentido. A crise brasileira não é exclusiva da cerveja artesanal, é mais uma crise geral do que do setor específico”, analisa.

Lapolli acredita que a situação econômica tende a melhorar, o que vai favorecer o mercado craft beer. “Temos vivido nos últimos quatro anos uma crise econômica muito grande. Mas a economia é bastante cíclica, e está chegando o fim do ciclo negativo. A esperança hoje é que a aprovação da reforma da Previdência vá destravar bastante coisa que impacta o ambiente econômico e, como consequência, impacta o consumo da cerveja artesanal, que tem um preço mais alto e acaba sofrendo com isso. Acredito que nos próximos anos vamos ter um momento mais positivo para sustentar o crescimento das fábricas”, finaliza ele.