Chico Maia

Com ou sem árbitro de vídeo, a polêmica vai continuar
Publicado em: Tue Jun 19 03:00:00 GMT-03:00 2018

A sigla VAR, de Video Assistant Referee (árbitro assistente de vídeo) passa a fazer parte do mundo do futebol, oficialmente, a partir desta Copa. Foi testado pela Fifa pela primeira vez em uma vitória da Espanha sobre a França por 2 a 0, em um amistoso em Saint Dennis, em 2016. O medo dos puristas do futebol é que ele tire emoção e polêmicas dos jogos. Mas, pelo que estamos vendo na Rússia, essa preocupação poderá ser deixada de lado, pois as polêmicas vão continuar. No empate do Brasil com a Suíça, o VAR não foi acionado, mas muita gente gostaria que tivesse sido, pensando em salvar a vitória verde-amarela. E poderia cometer injustiça de evitar o empate suíço, se nos basearmos na opinião de dois treinadores especialistas e conceituados, com os quais concordo: o brasileiro Procópio Cardoso e o francês recém-saído do Arsenal Arsène Wenger. 

Ecos do passado

Seria ótimo se sempre fosse assim, com atleticanos e cruzeirenses dividindo os mesmos espaços nos estádios, fraternalmente, como nessa imagem no Ellis Park, em Joanesburgo, durante a Copa da África do Sul em 2010.

Falou quem conhece

Disse Procópio via Twitter: “Vou ser sincero com vocês, a bola era do goleiro. E quem já calçou meião e chuteira não pode reclamar de um empurrãozinho daqueles”. Em outras palavras, Wenger falou a mesma coisa sobre o “empurrão” em Miranda: “Empurrões como esse acontecem em todo escanteio. Se chamasse o VAR nesse lance, ia ter que chamar em todos...”. O vice-presidente do Atlético, advogado Lásaro Cândido, emitiu opinião interessante por outro viés: “O VAR também foi criado e é operado por árbitros, humanos. Gostaria de ter um VAR que elegesse apenas os lances “não interpretativos”. E pôs lenha na fogueira, dando exemplos. Lásaro Cunha lembrou a final do Campeonato Mineiro deste ano, em que houve um lance decisivo, porém, “interpretativo”. E questionou: “Pergunte a um torcedor do time adversário ou de algum Wright de plantão e terá uma resposta “interpretativa”. Ou seja: a polêmica em torno do futebol será eterna e afasta o medo de que acabe com a emoção e a discussão que mantêm rivalidades e discussões infinitas sobre a maioria das partidas de futebol.

 

Contestação e aplausos

A maior polêmica até agora no uso do VAR na Copa foi na vitória da França sobre a Austrália, logo na primeira rodada. A imprensa questiona duramente a aplicação do VAR, que é operado por quatro árbitros em cada jogo, sendo um “titular” e três auxiliares. Um cuida só de pênaltis, se foi ou não. Nosso colega, mineiro, Leonardo Bertozzi, da ESPN, tem uma opinião interessante: “Dá pra discutir, e muito, a justiça da vitória francesa pelo futebol apresentado. Mas o funcionamento dos auxílios tecnológicos à equipe de arbitragem permitiu um placar legítimo. Como é bom ver o futebol avançando, como é bom!”.

 

Mal necessário

Pois é! Eu, que não tinha opinião formada ainda sobre o assunto, passo a entender que estamos diante de um “mal necessário”. Custa caro, não resolve 100% o problema, mas diminui as injustiças que acontecem no futebol.