Chico Maia

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Consequências da irresponsabilidade

Publicado em: Ter, 20/12/16 - 02h00

Virada de temporada, tempo de especulações e muita notícia plantada por empresários querendo emplacar jogadores em clubes grandes, e gente nossa da imprensa querendo dar notícia em primeira mão. Com o surgimento da internet, os “furos” de reportagem se tornaram espécie em extinção, porque ficou quase impossível saber quem contou primeiro a bombástica informação. Nessa, muitos colegas vão entrando de sola, sem pensar nas consequências de uma informação mal apurada ou movida por interesses comerciais ou até mesmo inconfessáveis, o que não é raro em nosso meio.

Olho grande

Mas, o normal é a vaidade exacerbada, de querer ter a primazia da notícia. A partir da segunda metade dos anos 1990, a internet mudou tudo, e estamos vivendo um momento de rearranjo das coisas. Acabou aquilo de era de “Quarto Poder”, quando a imprensa era colocada no patamar do Executivo, Legislativo e Judiciário. Esse poder foi detonado pelas mídias virtuais, e quem não souber se adaptar será condenado pelo mais rigoroso dos juízes de qualquer jornalista: o público, seja leitor, ouvinte ou telespectador, todos unidos na mesma plataforma que é a internet.
 

Falou e disse

E foi um jogador de futebol que fez o melhor alerta que vi até agora aos maus profissionais do jornalismo em geral, do esporte, principalmente. Disse o zagueiro Gerard Piqué na semana passada: “A urgência da notícia, agora, tem mais importância que o rigor. Sempre haverá alguém que se importa em dar a notícia antes de apurá-la”. E emendou: “Compreendo que o Barça blinde seus jogadores”.

Segue Piqué

Continua falando o zagueiro do Barça: “O clube tinha que cortar pela raiz o mal da imprensa. O jogador tem cada vez mais poder, e usa menos a imprensa. Alguns têm mais seguidores que o jornal esportivo mais lido na Espanha.” Piqué arrematou dizendo que “... poderia não dar mais entrevistas, e nada aconteceria". Pois é! Nesta semana, Robinho, do Atlético, viveu situação que tem tudo a ver.
 
Exemplo nacional

Pelo que foi escrito por um jornalista paulista, Robinho estava acertando o retorno ao Santos. O jogador do Galo utilizou suas redes sociais e seguiu a mesma toada de Piqué: "É de se estranhar agora no final do dia, de forma quase que simultânea, saírem em vários veículos de comunicação notícias levianas. Será que vale tudo mesmo por uma notícia?”

Ainda Robinho

 “Vale tudo pelo “ibope”? Será que não pensam no impacto que uma notícia leviana pode causar, principalmente quando envolve torcida, clube, família, emoção…?”
Como discordar desses jogadores? A irresponsabilidade na informação gera cada vez mais o descrédito da categoria, numa instantaneidade absurda. O que falaram precisa ser refletido por novos e veteranos da imprensa ou por quem pretende ingressar nessa profissão.

Faz isso não, Verón!

Aos 41 anos, o volante e presidente do Estudiantes de La Plata anunciou a volta aos gramados para 2017. Certamente, vai se arrastar pelos gramados, destruindo uma ótima imagem criada em função de muita bola jogada, com muita raça. Principalmente, se levar adiante a ideia de disputar a Libertadores. Presidente e capitão do time! Só mesmo o futebol sul-americano para produzir essas coisas.

Para refletir

Isso nos faz também pensar sobre essa Florida Cup. Verón está retornando aos gramados, principalmente, para disputá-la, já que o time dele não tinha nenhuma estrela de primeira grandeza para apresentar nesse torneio nos Estados Unidos. O Flamengo desistiu de disputá-la por causa do calendário, e puseram o Bahia no lugar. O Internacional, precisando rever toda a sua vida, também desistiu. O Galo diz que deve mandar um time “alternativo”, e se tiver juízo manda mesmo ou até desiste também, porque senão ficará reclamando da avalanche de jogadores machucados no decorrer da temporada toda. 


Árbitros de vídeo

O Mundial de Clubes da Fifa, vencido pelo Real Madrid, anteontem, foi o primeiro laboratório para a experiência com o uso da tecnologia e gerou mais polêmicas do que era de se esperar. Eu, que era totalmente favorável, fiquei na dúvida quanto à eficiência da aplicação da ideia. Pelo menos gera a presunção de que ficará mais difícil a armação de resultados, mas até nisso passamos a ver controvérsias no tema. Desse Mundial no Japão, apenas uma certeza. A arbitragem via vídeo aumentou a matéria-prima para grandes chargistas, como o Duke, conforme mostra a que saiu no Super Notícia.

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