Chico Maia

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Esperanças que se renovam com o retorno de Mano Menezes

Publicado em: Qui, 28/07/16 - 03h00

Não tenho a menor dúvida de que o Cruzeiro estaria no topo da tabela deste Brasileiro caso Mano Menezes não tivesse ido embora no ano passado. Excelente treinador, sacaneado pela CBF após a perda da medalha de ouro em Londres, em 2012, cuja consequência foi o maior vexame da história da seleção brasileira, na Copa de 2014. Retrocedeu ao buscar de volta Felipão e Parreira, que pararam no tempo. O elenco que Mano herdou no ano passado era muito ruim, e ele conseguiu sair da briga contra a degola para chegar em oitavo.

Aparência melhor

No papel, o atual elenco do Cruzeiro me parece melhor que o de 2015. As circunstâncias em que Mano assume são parecidas: campeonato em andamento, barco em alto mar, sem tempo para treinar e essas coisas que todos conhecemos. Mas ele conhece bem o futebol brasileiro e o Cruzeiro, e chega com moral absoluta.

Aparício demais

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, gosta demais de aparecer. Ao invés de deixar as entrevistas sobre terrorismo e terroristas para a Polícia Federal ou o Ministério da Defesa, ele mesmo assume a missão. Possivelmente, será candidato a algum cargo eletivo em São Paulo em 2018 e quer mostrar bastante a cara. O problema é que, de tanto aparecer, a imprensa vai ficar lembrando que ele foi o secretário de Segurança paulista, que, ao invés de enfrentar os marginais das torcidas organizadas, preferiu afinar e impor torcida única nos clássicos, repetindo a afinada dos similares dele de Minas. Também que, até outro dia, era advogado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Força e informação

Diferentemente de Paulo Bento, coitado, que teve que se informar sobre tudo, principalmente a respeito dos jogadores que tinha à mão, com os próprios comandantes do futebol do clube, que até agora não deram nenhuma bola dentro. Claro que todas essas condições favoráveis não são garantia de que Mano vai repetir a façanha do ano passado.

Outro tempo

O futebol é dinâmico, muita gente envolvida e cada momento é diferente. Mas, em “condições naturais de temperatura e pressão”, a tendência é que Mano Menezes traga dias muito melhores para o mundo azul. Vai impor os seus métodos, certamente, deverá pedir a contratação de algum ou até alguns jogadores e tocará o futebol do Cruzeiro, de acordo com as próprias convicções, sem dar bola para qualquer “cornetagem”.

Passando a bola

Pelo discurso do diretor de futebol Thiago Scuro, o problema do Cruzeiro era só o treinador português. Ouvi um trecho de entrevista dele em que fala maravilhas do elenco. Parecia que estava se referindo a uma seleção brasileira dos bons tempos. Quer dizer então que o problema todo era Paulo Bento, que o próprio Scuro foi lá em Lisboa buscar? Ah, bom!

Na real

Enderson Moreira pôs o América na real, na briga contra a degola. Diferentemente da diretoria e dos antecessores dele, o novo treinador americano tem sido claro em suas falas à imprensa e jogadores: “Vamos brigar ainda por uma das 16 vagas da Série A”. Se a diretoria tivesse assumido esse discurso realista tão logo o time subiu no ano passado, o Coelho não estaria nessa situação. O presidente Alencarzinho chegou a falar em luta por vaga na Libertadores.

No Rio

Estou no Rio de Janeiro desde ontem, nos preparativos para a cobertura dos Jogos Olímpicos. O clima da competição mexe não só com a cidade, mas como em todas onde haverá jogos e a “família olímpica” envolvida. Quando saí de Belo Horizonte, passei perto do hotel Caesar, onde está a seleção feminina de futebol da França, e parecia um cenário de guerra, com soldados do Exército fortemente armados dando segurança.

Metamorfose

Pressionado a fazer alguma coisa para a melhora do rendimento do time, Marcelo Oliveira saiu da mesmice tática contra o Palmeiras e se deu bem. É isso que se espera de qualquer técnico: com um bom elenco nas mãos, se é competente, muda o esquema e a escalação de acordo com cada adversário. Ou não, se o time estiver rendendo. A aposta em Lucas Cândido foi altamente positiva. Com três bons marcadores no meio, Robinho ficou livre para jogar do jeito que gosta, solto, e fez uma das melhores partidas dele pelo Galo.

 

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