Chico Maia

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Minoria mineira na dupla forte de Minas

Publicado em: Qui, 27/11/14 - 03h00

Pela Itatiaia, Roberto Abras lembrou que o lateral Marcos Rocha, de Sete Lagoas, era o único jogador mineiro do Atlético no time que começaria o jogo contra o Cruzeiro pela final da Copa do Brasil, ontem. Apesar das intolerâncias religiosas, racismo, preconceitos, xenofobia e outros males semelhantes, o mundo é cada dia mais global, e o futebol um dos melhores exemplos. Minas Gerais, que sempre exportou grandes jogadores, detém atualmente a hegemonia do futebol brasileiro, e seus dois principais protagonistas têm maioria absoluta de seus elencos composta de atletas de outros Estados e países. Outra coincidência é que, entre os inscritos na Copa do Brasil, cada um tem o mesmo número de nascidos em Minas: sete. O goleiro Uilson (Nanuque), os laterais Marcos Rocha (SL) e Alex Silva (Corinto), o meia Claudinei (Sete Lagoas), o também meia Paulinho (BH), o atacante Dodô (Vespasiano) e o volante Lucas Cândido (Uberlândia) do Atlético. No Cruzeiro, os mineiros são: o lateral Mayke (Carangola), o zagueiro Leo (BH), o volante Eurico (Santa Luzia), os atacantes Álisson (Rio Pomba) e Neilton (Nanuque), e os goleiros Rafael (Cel. Fabriciano) e Elisson (Brumadinho).

Paulistas na área

São Paulo é o Estado que mais abastece o Atlético, com dez jogadores: Victor, Giovanni, Réver, Eduardo, Maicosuel, Leandro Donizete, Cezinha, Tardelli, Jô e Emerson Conceição, que estão afastados. O Cruzeiro tem São Paulo como o maior, depois de Minas, com cinco paulistas: Bruno Rodrigo, Julio Baptista, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e William.

Brasil e exterior

Estados que também fornecem jogadores ao Atlético: Bahia (6); Rio de Janeiro (3), Paraná, Maranhão, Pernambuco, Alagoas e Paraíba, mais a Argentina (1 cada). O Cruzeiro tem ainda dois do Mato Grosso (Fábio e Nilton), dois fluminenses, três baianos, três paranaenses e um do maranhão, Rio Grande do Sul, Tocantins, Goiás, Ceará e os estrangeiros Marcelo Moreno (Bolívia) e Samudio (Paraguai).

O horário impedia que a coluna escrevesse sobre a decisão de ontem, onde tudo era possível entre Atlético e Cruzeiro e vários fatores extra poderiam influenciar no resultado, além de eventuais erros de jogadores, treinadores e arbitragem. Também tinha o “Sobrenatural de Almeida”, sempre lembrado pelo Nelson Rodrigues, quando algum jogador faz uma jogada de gênio ou marca um gol improvável e decide o jogo.

Fator de peso

Um fator extra que poderia atrapalhar a qualidade do espetáculo era o gramado e aí dependeríamos dos humores de São Pedro lá em cima. Caso ele mandasse água razoável, o gramado corria o risco de ficar igual aquele de Cruzeiro e Goiás. Se fosse chuva demais, havia o risco de nem ter condições de jogo nessa vergonha de gramado que é o Mineirão, uma obra caríssima, com defeitos graves e esse imperdoável.


Ruim pra todos

Um gramado pesado não interessava a nenhum dos adversários da noite de ontem, já que ambos têm ótimos jogadores e nenhum brucutu, que precise recorrer ao anti-jogo para ganhar a vida como jogador de futebol. No dia 2 de novembro, o cruzeirense Emilio Melo Figueiredo estava no Mineirão assistindo a Cruzeiro 2 x 1 Botafogo e enviou ao blog uma foto, em tarde sem chuva, protestando contra a qualidade do gramado muito castigado. Ou seja, com chuva, pior ainda, como ocorreu no Cruzeiro x Goiás.


Não cola

A justificativas da Minas Arena quanto a possíveis exigências da Fifa não me convencem. O que ela exige é campo de jogo de alta qualidade, como ficaram, por exemplo, os do Independência e Arena do Jacaré. O do Mineirão, estádio da Copa, tem o seu gramado criticado desde a inauguração.
Armando C. A. Monteiro, nosso leitor, é geólogo aposentado, apaixonado por futebol bem jogado e frequentador assíduo do antigo Mineirão, segundo ele, “numa época em que a sua drenagem era perfeita e elogiada por todos”. Ele nos enviou informações interessantes sobre subsolos e os possíveis problemas do gramado do nosso maior estádio, que foi rebaixado em seis metros em sua reconstrução para a Copa: “existe a possibilidade desse rebaixamento estar propiciando a exposição do nível freático em dias de chuvas e caso seja essa a causa dos alagamentos, serão necessárias obras visando o rebaixamento do nível freático; possíveis, mas um pouco onerosas”. E arremata: “são apenas conjecturas de um geólogo aposentado que ainda fica indignado com obras públicas caras, executadas sem o mínimo de planejamento e respeito ao dinheiro público”. Pois é! Menos mal. Imagine se quem planejou e executou essas obras tivesse cuidado também de viadutos!

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