Chico Maia

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Quando as coisas vão mal dentro de campo sobra para todo mundo

Publicado em: Ter, 31/05/16 - 03h00

Vale para todo clube de futebol. Atualmente, Atlético e Cruzeiro é que estão na mira. Quando há um monte de jogadores machucados, mais ainda. Médicos, preparadores físicos e fisioterapeutas são colocados contra a parede. Entre jornalistas e torcedores, muita asneira é dita por quem não tem conhecimento técnico/científico ou não está por dentro do que está acontecendo internamente. Atletas abusando da ótima noite de Belo Horizonte à parte, pouca gente está se lembrando de que neste ano os nossos clubes tiveram uma competição a mais nos primeiros meses, e o Galo, duas: Florida Cup e Copa Sul-Minas-Rio. Os jogadores mal chegaram das férias, conheceram o então técnico Diego Aguirre e os novos membros da comissão técnica. Daí cinco dias entraram num avião para os Estados Unidos.

Pauleira de cara

No dia 13 de janeiro, o Galo entrava em campo para enfrentar o forte Schalke 04 da Alemanha, que estava em plena temporada. Venceu por 3 a 0, e quatro dias depois venceu o Corinthians, por 1 a 0, sagrando-se campeão do torneio. Na época, todo mundo bateu palmas, o clube estava “abrindo mercado”, enfrentando clubes de peso e incluindo mais um troféu à galeria de Lourdes.

A conta chegou

Mas tudo tem preço, e as consequências de se jogar em alto índice de exigência de rendimento antes da hora estão cobrando agora, quatro meses depois. O normal de todo início de temporada brasileira é começar a jogar nos últimos dias de janeiro, primeiros de fevereiro. O time daqueles dois jogos: Victor; Marcos Rocha, Jemerson, Leonardo Silva (Erazo) e Douglas Santos; Rafael Carioca (Eduardo), Leandro Donizete (Lucas Cândido), Dátolo (Juan Cazares) e Luan (Carlos); Thiago Ribeiro (Hyuri) e Lucas Pratto (Patric).

Preparando o lombo

Dr. Gilvan não é a Dilma nem o Temer, mas torcedores foram ontem à tarde para frente da sede administrativa do clube pedindo a saída dele e da cúpula cruzeirense. O problema do Cruzeiro vai além. Dr. Gilvan está incomodado com os protestos dos torcedores nas ruas, na cola dele, mas pode se preparar para se incomodar mais ainda, pois tudo indica que a situação não vai melhorar rápido. E os protestos vão continuar e aumentar.

Erros demais

Ele cometeu erros demais, em cascata, e a conta está chegando: nomeou para comandar o futebol o comandante da base, novo de idade, que por sua vez contratou um também jovem, que até tem fama de competente, porém não tem a palavra final nas decisões. Essa dupla, ao invés de apostar em alguém experiente para comandar o time e ajudá-los na condução dos profissionais, promoveu o aspirante a treinador, Deivid. O resultado está aí. Como disse Orlando Augusto ontem, no Meio de Campo, da Rede Minas: “O Dr. Gilvan se cercou de amadores para comandar o futebol profissional do Cruzeiro...”

Típico de pré-temporada

Com o time todo reserva, o Atlético, ainda dirigido por Diego Aguirre, venceu o Santos no Independência. Na estreia oficial do técnico Marcelo Oliveira, contando com Victor, Marcos Rocha, Leandro Donizete, Carlos, Clayton e Patric, tomou 3 a 0 do Grêmio também no Horto. Nesse 1 a 1 com o Vitória, contou também com Júnior Urso e Patric. Empate com sabor de derrota, pois o adversário é muito fraco. Falhas individuais complicaram o resultado. O Atlético paga pelo erro de ter contratado o treinador errado no fim da temporada passada. Com o Brasileiro começando, contratou Marcelo Oliveira, que por sua vez testa jovens, insiste com um ruim como o Tiago e indica jogadores para serem contratados. É coisa de pré-temporada.

Limitações

O América mais uma vez sai na frente e não consegue manter o resultado. Se recolhe demais na defesa, e aí fica difícil não tomar gol. O problema do Cruzeiro é elenco, conjugado com a falta de tempo para o treinador, que chegou agora. Até ajustar, as peças não será fácil. Vontade de todos os jogadores em campo não tem faltado, mas quando a bola é curta tudo se complica.

Abrir o olho

O colega Fernando Rocha, da Rede Globo, tuitou: “Em dezembro eu avisei sobre o Deivid. Efetivaram… Deu no que deu! Hoje eu digo: se tratar Riascos como reforço, vai cair. Acorda, Cruzeiro”. Essa frase sintetiza apenas aquilo que todos estamos vendo: a diretoria cruzeirense continua perdida, “batendo cabeça”, feito uma zaga ruim.

Pouca gente

A imprensa brasileira deu tanto ou mais destaque à Champions League do que para os campeonatos regionais e o Brasileiro. A final, transmitida pela TV no mesmo horário do clássico Cruzeiro 1 x 1 América, que teve 11.266 pagantes. Um público gigante na comparação com os 2.860 que pagaram ingresso para assistir Fluminense 1 x 0 Botafogo. E ano após ano essa situação se agrava.

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