Chuteiras e Gravatas

A fértil imaginação dos papais na Copinha
Publicado em: Fri Jan 05 02:00:00 GMT-03:00 2018

Começou, na última quarta-feira, a 49ª Copa São Paulo, a maior competição de base do futebol brasileiro, batendo todos os recordes de grandeza. São 128 equipes, divididas em 32 grupos com sede em 31 cidades paulistas (duas chaves ficam na capital) para um total de 255 partidas e uma lista de jogadores inscritos que chega a 3.200 garotos com menos de 20 anos. Se os atletas formassem uma localidade, eles teriam uma população maior do que 540 municípios brasileiros.

Mas nada supera a criatividade dos pais da futura geração de craques brasileiros. No Twitter, o levantamento de Reinaldo Andrade (@reinaldoandrade) dos inscritos na Copa São Paulo encontrou nomes curiosos e bizarros. Tem o Cego, do São Paulo Crystal-PB, que muita gente tem certeza de que ele não vai conseguir acertar o gol. O companheiro de time Agabo, já até ganhou musiquinha: “Agabo o caô, o guerreiro chegou, o guerreiro chegou”. E o que dizer do 6D, do Volta Redonda? Tem gente apostando que ele tem seis dedos.

Nacional

É tanto jogador de nome estranho que me arrisquei a formar umas equipes temáticas (já aviso que a ordem dos atletas não segue a posição real dos moleques em campo). O time dos “Apelidos de Raiz”, aqueles bem brasileiros, típicos de cidades do interior, é formado por Farinha, Pitoco, Branquelo, Pipoca e Espeto; Jacaré, Rabiola, Coquinho e Catatau; Mocorongo e Cascatinha. Deixaríamos na reserva: Mingau, Trinca, Pretinho, Macarrão, Mãozinha e Parrudo. 

Internacional

Tem muito nome que é uma verdadeira sopa de letrinhas, com alguns acréscimos de ys, ks, hs e ws e uma tendência a homenagear craques internacionais. O time 1 entra em campo com Jhonkaermeson, Ihordam, Matthaus, Darling e Jheikson; Dhieury, Wellves, Ykys e Jhonsen; Alanderson e Adrian Sander. O adversário time 2 contra-ataca com Linnick, Marrony, Halls, Illgner e Gullitt; Asaph, Clayvert, Yasu, Amichael e Elorhan; Judson John e Lucas Dimaria.

Palavra

São tantos nomes e apelidos bizarros que não coube nos times acima e vou ter que contar mais por aqui: Bam Bam, Ka Ka, Biro Biro, Abelha, Playboy, Motor, Konga, Cacimbinha, Asplilia, Barcelona, Pantico, Caboco, Chumbo, Padola e Lutador. Sabe por que Lutador? Porque o nome dele é Anderson Silva Gomes. Jipinho é jogador do América, e Alerrandro, do Atlético. Esse último é bom ficar de olho nele. Em 2015, com 15 anos, fez 68 gols pelo time infantil alvinegro. 

Gêmeos

Os irmãos Cosme e Da mião, de 19 anos, são destaque do Capital-TO. O que chama atenção no registro é que Cosme tem a capital Palmas como naturalidade. Já o irmão Damião está registrado na cidade vizinha de Porto Nacional, distante a 60 km. A semelhança já criou confusão. Amarelado, Cosme deixou um jogo substituído pelo irmão. Já em campo, Damião também foi advertido e acabou expulso. Foi preciso que os dois ficassem lado a lado para o árbitro voltar atrás.

Times

Os nomes curiosos não se limitam aos atletas. Com tantas equipes, muitas delas de empresários, também há espaço para times xarás de clubes bem mais famosos. Algumas equipes, confesso, nunca tinha ouvido falar, como o Cruzeiro-DF, o América-PE, o São Paulo-AP, o Santa Cruz-AL e o já citado São Paulo Crystal-PB. Outras agremiações que chamam atenção são o JI-Paraná, que é de Rondônia, e não do Paraná, e Timon-PI.

Holofotes

Apelidos e zoeira à parte, a Copa São Paulo é famosa mesmo por ser um celeiro de craques. Neymar e Gabriel Jesus, que vão formar o ataque do Brasil na Copa da Rússia, são só alguns exemplos. Nos últimos anos, a Copinha ganhou competições concorrentes, organizadas pela CBF ou outras federações, mas, por ser disputada em janeiro, nas férias dos profissionais e com transmissão de TV, ainda detém o título de principal torneio de base do país.