Chuteiras e Gravatas

Arena MRV: oferta de R$ 40 mi para shows
Publicado em: Fri Sep 22 03:00:00 GMT-03:00 2017

A decisão do Atlético de construir uma arena multiuso já se reflete – e movimenta – no mercado de grandes shows e eventos em Belo Horizonte. Embora o clube entenda que este ainda pode não ser o momento para discutir individualmente acordos comerciais para subáreas do empreendimento, a diretoria do Galo já tem em mãos uma oferta de R$ 40 milhões anuais de uma produtora de renome para que a Arena MRV seja a casa de atrações internacionais e nacionais pelo período de contrato.

No estudo técnico de viabilidade econômica do empreendimento, o Atlético coloca como objetivo receber, ao menos, três grandes shows por ano. Além do espaço no gramado, o complexo também conta com uma grande área na esplanada. No intuito de já atrair parceiros no ramo do entretenimento, o clube vem apostando na divulgação de seu projeto, pensado para ter plenas condições de receber grandes estruturas por seus portões, sem a necessidade de baldeação para veículos menores, uma das críticas dos produtores ao Mineirão.

Concorrência

Estádio de Copa do Mundo, o Mineirão é, atualmente, a grande casa da capital, capaz de receber artistas internacionais, do quilate de Elton Jonh e Paul McCartney. Para quem lida com shows, óbvio, quanto mais opções para barganhar os custos, melhor. Diferentemente do Gigante da Pampulha, o Independência, no Horto, com limitações de estacionamento, não conseguiu atrair tantos shows como se esperava quando ele foi concebido e, posteriormente, inaugurado.

Além da conta

A oferta de R$ 40 milhões por ano para abrigar shows extrapolaria em mais de 11 vezes a estimativa inicial da diretoria para eventos de grande porte. No material enviado aos conselheiros antes da votação do empreendimento, o clube estimava uma receita de R$ 3,5 milhões por ano para locações. O plano inicial para a parte multiuso do estádio é arrecadar R$ 18 milhões por ano, o que incluiria ainda ativações de mídia, camarotes, concessões (comida e bebida) e estacionamento.

Extra

A conta simplória do Atlético é de que o estádio custe R$ 410 milhões, sendo R$ 250 milhões da venda de 50,1% do DiamondMall, R$ 100 milhões com as cadeiras cativas e R$ 60 milhões pela comercialização dos naming rights. Além desses valores, o clube conta ainda com uma espécie de “cheque especial”. São os naming rights setoriais, quando empresas pagam para divulgar sua marca e vender seu produto no estádio, especialmente, nos ramos de comida e bebida.

Brinde

A votação para a aprovação da venda de metade do shopping e a consequente viabilidade do estádio contou com a presença de 86% dos conselheiros, um comparecimento que não acontecia desde a eleição de Nelson Campos, em 1985. Durante todo o dia, as principais lideranças atleticanas aproveitaram o momento para estreitar as relações e colocar o papo em dia. Após o anúncio oficial, a noite foi encerrada com um velho e bom vinho.

Saia justa

Mas, como toda amizade, há sempre algumas desavenças, como a tuitada do jornalista Chico Pinheiro expondo a MRV em listas de trabalho escravo. “Caro Chico, como jornalista, deveria se atualizar e não requentar notícias antigas. Sugiro consultar o MTE”, respondeu Rubens Menin. A saia justa foi contornada no clube em um almoço, ontem, no Rio, com Daniel Nepomuceno, Alexandre Kalil, Chico e Menin, e selou qualquer desavença.