Chuteiras e Gravatas

As cartadas do Mineirão pra final da Libertadores
Publicado em: Fri Dec 15 02:00:09 GMT-03:00 2017

Na última terça-feira, o presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Castellar Neto, e a gerente de relações institucionais da Minas Arena, Ludmila Ximenes, visitaram o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, em Luque, no Paraguai, para oficializar o Mineirão como candidato a receber a primeira final de Copa Libertadores em jogo único. A entidade sul-americana estuda fazer a decisão do torneio em uma partida só, assim como acontece na Liga dos Campeões, na Europa.

Só não se sabe ainda se a mudança vai ocorrer já para 2018 ou apenas a partir de 2019. O assunto está fervilhando nos bastidores da Conmebol, que deve anunciar a sua decisão no sorteio dos grupos, na próxima quarta-feira, dia 20. O que se sabe, e posso adiantar aqui, é que a confederação gostou, e muito, da possibilidade de poder fazer a partida decisiva no Gigante da Pampulha. A repercussão internacional da candidatura mineira foi grande. A notícia, inclusive, ganhou destaque na própria página oficial da Conmebol.

Concorrentes

Além de Belo Horizonte e do Mineirão, apenas Quito, capital do Equador, se colocou à disposição de receber a finalíssima da Libertadores. O embaixador equatoriano no Paraguai, José Enrique Nuñez Tamayo, também registrou sua proposta na Conmebol. Extraoficialmente, o Rio de Janeiro, com o Maracanã, e Lima, a capital peruana, também se colocaram à disposição para receber o evento. Essas duas, no entanto, não formalizaram o interesse para a entidade. 

Argumentos I

E o que o Mineirão tem a oferecer para ser escolhido como palco desta primeira final única de Libertadores? Para começar, o novo estádio, reformado e modernizado para as Copas do Mundo e das Confederações já recebeu uma decisão de igual porte, a do Atlético, em 2013, que gerou a impressionante renda de R$ 14 milhões. Até outubro deste ano, essa era a maior bilheteria da história do futebol brasileiro (superada pelos R$ 15 milhões de Brasil e Chile, no Allianz Parque).

Argumentos II

O estádio mineiro também tem no currículo de grandes partidas o Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa, no ano passado, o próprio fatídico e famoso 7 a 1 da Alemanha sobre a seleção brasileira, no Mundial de 2014, além dos jogos dos torneios masculino e feminino dos Jogos Olímpicos do Rio. E, mais do que isso: a esplanada do Mineirão e seus espaços para shows são trunfos para transformar a final em um megaevento e dividir os lucros entre todos.

Prestígio

A boa relação do presidente da FMF, Castellar Neto, com Alejandro Domínguez, maior entusiasta da final única, pode ajudar a encurtar caminhos. Foi Domínguez, por indicação da CBF, que sugeriu o nome de Castellar para o cargo no comitê de monitoramento da situação de jogadores na Fifa, que trata de litígios de atletas. A vaga era da Conmebol. O dirigente mineiro assumiu a cadeira em abril deste ano para o período de 2017 a 2021. 

Grana I

A ideia de fazer a final da Libertadores em jogo único divide opiniões e desagrada, principalmente, os clubes, que temem a perda de renda e o esvaziamento da disputa, já que torcedores finalistas teriam que colocar o pé na estrada. Para tentar minimizar ou compensar qualquer perda, a Conmebol deve incluir na comercialização do novo contrato de TV, de 2019 a 2022, uma bônus (uma bolada extra) para o campeão e o vice a título de premiação.

Grana II

A Conmebol divulgou, em setembro, um acordo para comercializar suas competições pelo dobro do contrato atual, o que vai significar um aumento na premiação pela participação dos clubes. A entidade já garantiu R$ 4,4 bilhões por quatro anos. Atualmente, o campeão da Libertadores ganha, no máximo, R$ 29 milhões. É a metade do que o campeão da Copa do Brasil pode faturar, em 2018, se ele disputar a competição desde a primeira fase.