THIAGO NOGUEIRA

Forçado ou por ajustes, Cartola FC vai mudar

O Cartola FC é um fantasy game do Grupo Globo que arrecadou, só em 2018, R$ 16 milhões

Por Da Redação
Publicado em 07 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 

Sou um dos 8,5 milhões de cartoleiros país afora. Aliás, ganhei a liga da minha cidade e coloquei R$ 420 no bolso neste mês. Para quem não sabe, o Cartola FC é um fantasy game do Grupo Globo que arrecadou, só em 2018, R$ 16 milhões. Trata-se de uma disputa entre times fictícios montados por você mesmo usando-se das cartoletas – a moeda do jogo. A cada rodada você escala sua equipe – pode escolher Victor, do Atlético, Dedé, do Cruzeiro, Dudu, do Palmeiras etc. –, espera o quanto eles vão pontuar na partida real e vê quem se deu bem na sua liga de amigos. Por exemplo, se o jogador faz um gol, ele soma oito pontos, se o goleiro defender um pênalti, garante sete pontos. Essa competição criou disputas paralelas por todo o canto e virou um grande negócio. Para se ter uma ideia, recebi o convite para participar de uma liga com mil times, pagando R$ 500 de inscrição. A arrecadação vai chegar a R$ 500 mil, com prêmios de R$ 2.000 por rodada, ganhadores por turno e com o campeão levando R$ 150 mil. Tudo isso, no entanto, está ameaçado.

Ameaça

O Cartola usa-se de jogadores reais das 20 equipes do Campeonato Brasileiro da Série A. O problema é que, em 2019, inicia-se uma nova divisão dos direitos de transmissão. Nem todos os times assinaram com a Globo. Atlético-PR, Bahia e o campeão, Palmeiras, fecharam com o Esporte Interativo para a TV fechada e ainda não sinalizaram um acordo de TV aberta com a Globo. A emissora depende do aval para a exploração dos direitos de imagens em mídias digitais.

Tratativas

O Palmeiras tem conversas mais adiantadas com a Globo, segundo o portal Uol. O diálogo é mais duro com o Atlético-PR, que sempre bate de frente com a emissora, se recusando a assinar contrato para o Estadual, transmitindo suas próprias partidas pelas redes sociais. Sem acordo com esses clubes para a TV aberta, a Globo não poderá transmitir jogos dessas agremiações, mesmo que elas estejam enfrentando uma equipe que tem contrato com a TV carioca.

Mudanças

A novidade do Cartola FC neste ano foi a adoção do capitão. Além de montar a equipe de 11 jogadores e o treinador, o usuário definia quem seria seu capitão na rodada, cuja pontuação computaria dobrado. Essa mudança dividiu opiniões, já que aumenta o percentual do quesito sorte. O próprio Cartola promoveu enquetes para saber o que os cartoleiros acharam do recurso. Ele também fez avaliações de outros sistemas, o que pode gerar alterações para 2019.

Arrecadação

O Cartola permite participar do game de graça, mas só é possível participar de uma liga. Para ter condições de entrar em mais de uma disputa e ter outras regalias, é preciso ser Cartola Pro, pagando R$ 39 ao ano. O próprio Cartola estipula premiações para esses jogadores que pagaram para participar. Há prêmios para os maiores pontuadores por rodada (R$ 3.500) e também o campeão geral (R$ 10 mil), todos pagos na forma de vale-compras.

Carro

O Cartola encerrou a 14ª temporada neste ano. Só em 2018, foram 3,2 milhões de cartoleiros novatos. Com tanta gente viciada, vale apostar alto. Uma liga de Divinópolis deu ao vencedor deste ano um carro zero, de R$ 40 mil. A inscrição foi de R$ 400. Para tomar conta de tanta grana, tem gente que costuma cobrar uma taxa de administração para controlar os competidores, que são muitos. Ou seja, o Cartola é diversão, mas também é trabalho.

Vício

O Cartola costuma deixar quem joga bem viciado, acompanhando as partidas do ponto de vista do cartoleiro e não como torcedor comum. Vale até torcer para o time rival, se for o caso. Às vezes vale torcer para que o jogador que o oponente tem na liga que você disputa tomar amarelo. Os scouts são registrados em tempo real e dá para ver como andam as pontuações parciais. Haja discussão e brincadeiras nos grupos de WhatsApp!