Chuteiras e Gravatas
Globo quer fazer valer exclusividade
Os clubes já foram avisados. Em 2019, eles estão proibidos de produzir materiais próprios em jogos de suas equipes no Campeonato Brasileiro. A exigência é do Grupo Globo para as equipes que assinaram contrato com a emissora até 2024. Aqueles vídeos normalmente produzidos em campo, como cenas de bastidores, lances de jogos e entrevistas exclusivas nos gramados, postados em plataformas como YouTube, Twitter e Facebook, estão vedados. A proibição se daria já neste mês de novembro, mas os times conseguiram adiar a decisão para o próximo ano. As informações foram publicadas na semana passada pelo Uol e confirmadas por esta coluna.
A Globo, de toda forma, não vai cercear os clubes por completo e disse que vai disponibilizar links com imagens em boa qualidade para o uso em redes sociais. O conteúdo, no entanto, chegará enlatado, ou seja, será aquilo que a emissora quiser divulgar. Espera-se, ao menos, que sejam imagens de gols ou jogadas importantes na partida.
Explicação
Em nota, a Globo explicou sua decisão. “A medida preserva a qualidade das imagens do futebol que circularão nos ambientes sociais e, ao mesmo tempo, permite a clubes e torcedores acesso à maior e mais completa cobertura esportiva do país, com os principais lances dos jogos”, informou. A determinação vale tanto para a TV aberta quanto para o canal fechado SporTV e o pay-per-view Premiere, que transmite todos os jogos do Campeonato Brasileiro.
Atuação
Assim como os repórteres de TV e de rádio, os funcionários da área de comunicação dos clubes também têm autorização da CBF para ficar no campo de jogo. Eles, inclusive, usam colete de cor específica – normalmente amarela – para diferenciá-los dos profissionais da mídia tradicional. À beira do gramados, os produtores de conteúdo registram imagens seja com câmeras profissionais ou celulares. A proibição da Globo não restringe o trabalho dos fotógrafos dos clubes.
Concorrência
Assim como já acontece em grandes competições, como Copa do Mundo, Olimpíadas e Libertadores, a Globo também poderá proibir que emissoras e sites não detentores dos direitos de transmissão capturem imagens das partidas. A Fox Sports, dona dos direitos no torneio continental e que os sublicencia à Globo, já faz essa restrição. Já há um bom tempo, profissionais de TVs não detentoras dos diretos são proibidos de ficar no gramado, tanto no Brasileiro como na Libertadores.
Legislação
A Lei Pelé dispensa de autorização a transmissão de flagrante de evento esportivo que não ultrapasse 3% do tempo total da partida, o que daria 2 minutos e 45 segundos de jogo. É com base nessa legislação que clubes e outras TVs vão tentar reaver as restrições de imagens impostas pela Globo. Nos bastidores, a decisão tem sido bastante discutida entre os clubes, que ainda buscam reverter a decisão, pois vivem um momento-chave para potencializar suas redes sociais.
Cerco
Uso de imagens de detentoras do direito de transmissão para fins comerciais por outros veículos é caso para sentinelas virtuais. Assim como a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional fazem em seus eventos, as imagens publicadas por agentes não oficiais poderão ser tiradas automaticamente do ar quando detectadas por sistemas de tecnologia da informação. A persistência no uso indevido pode ocasionar a suspensão da conta do usuário.
Divisão
A Globo perdeu a exclusividade do Campeonato Brasileiro para as temporadas de 2019 a 2024 na TV fechada (SporTV). Sete clubes assinaram com o Esporte Interativo, que pertence à Turner: Santos, Palmeiras, Internacional, Atlético-PR, Paraná, Ceará e Bahia para a Série A (o time cearense precisa confirmar sua permanência na Primeira Divisão). A Globo tem contrato com os demais clubes, incluindo os times mineiros.