Chuteiras e Gravatas

Thiago Nogueira é repórter do Super FC e escreve sobre política, finanças, direito, marketing, patrocínios, televisão, games e tudo o que movimenta os bastidores do futebol.

Congresso internacional

Jorge Jesus: 'O futebol brasileiro não sabe valorizar o produto que tem'

Publicado em: Ter, 12/10/21 - 17h27
Jorge Jesus, ex-Flamengo e atual técnico do Benfica | Foto: Reprodução/Global Football Management

Técnico do Benfica e ex-treinador do Flamengo, que conquistou a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro de 2019, Jorge Jesus participou, nesta terça-feira (12), em Lisboa, do Global Football Management, evento de gestão esportiva que reuniu especialistas de Brasil e Portugal.

O treinador de 67 anos não se debruçou em táticas, mas de sua relação com o futebol brasileiro, onde trabalhou por 13 meses. Ele contou que, antes de assumir o Flamengo, teve propostas de Vasco e Atlético.

"Chegamos com o campeonato em andamento, a nove pontos do primeiro colocado. E acabamos com 16 na frente do segundo. Conquistamos mais quatro títulos. Não sei se poderia fazer a mesma coisa que fizemos nesse tempo. Foi muito por essa ligação ao talento do jogador brasileiro", destacou.

Em 30 anos de carreira, esta foi apenas a quarta vez que Jesus falou em público sobre futebol (ele desconsidera, neste caso, as entrevistas coletivas). O treinador abriu uma exceção por estar em casa, no estádio da Luz, do Benfica. O Chuteiras e Gravatas acompanhou o papo de forma online.

Jorge Jesus evidenciou o talento brasileiro, citou o trabalho de Zagallo ainda nos anos 70, mas criticou a organização brasileira. "O futebol brasileiro não sabe valorizar o produto que tem, acham que na Europa é melhor. É mentira. O futebol é competitivo, as equipes são de qualidade e não é fácil ganhar. Quando cheguei, tinha 12 times que já foram campeões nacionais, doze", enfatizou o treinador português.

Ele acha injustas as críticas que o jogador brasileiro, de maneira geral, vem recebendo. "O Brasil tem um talento incrível. Não há só grandes jogadores brasileiros. O (Cristiano) Ronaldo e Messi não são. Mas eles nasceram para jogar. Têm um talento fora do normal, que nem valorizam muito. O Brasil faz jogadores do dia para a noite. É pela calendarização do futebol brasileiro. O jogador brasileiro gosta de aprender, que lhe ensinem o jogo para além do talento dele. Trabalham com paixão e alegria", ressaltou.

No fim da palestra, o executivo de futebol e organizador do encontro,  Felipe Ximenes, fez questão de mostrar ao treinador alguns nomes ligados ao futebol que estavam na plateia. Alguns tiveram a oportunidade de fazer perguntas, como aconteceu com o treinador Jair Ventura, que pediu que Jorge Jesus desse um conselho aos jovens treinadores que estão iniciando a carreira. "Acredite no que faz, coloque as ideias do treino. Erre pela sua cabeça, não pela cabeça dos outros", Jorge Jesus.

Nesta quarta-feira (13) acontece o segundo dia do evento. Entre os palestrantes estarão os presidentes de Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, do Avaí, Francisco Battistotti, e do Fortaleza, Marcelo Paz, além do executivo de futebol, Alexandre Mattos, e do senador Carlos Portinho, relator do projeto da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

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