Chuteiras e Gravatas

Voltaste, chuteira preta?
Publicado em: Fri Sep 15 03:00:00 GMT-03:00 2017

Não, ainda não é bem assim. O advento e a popularização das chuteiras coloridas desde meados dos anos 2000 viraram um case de sucesso e marketing para as fabricantes de material esportivo. Desde então, as chuteiras pretas, aquelas que todos os jogadores usavam antigamente, se tornaram exceções nos gramados mundo afora.

Nesta semana, depois de usar chuteiras azuis e receber críticas da torcida atleticana, Robinho resolveu trocar por um modelo branco e preto. “Eu não ligo pra isso não. Se fizer gol com a chuteira azul, não tem problema nenhum”, disse ele ontem, na Cidade do Galo. Mas não é isso que poderia indicar a volta dos calçados escuros. Principais marcas do esporte, Nike e Adidas lançaram recentemente modelos blacks.

A Pitch Dark Pack, da empresa norte-americana, só apresenta cores em alguns detalhes do produto. Já a Magnetic Storm Pack, da fabricante alemã, é uma edição limitada com modelos pretos foscos e detalhes que refletem cores.

Contrassenso

Embora a Adidas Nemeziz, que entrou na linha há algumas semanas e é o novo modelo usado por Lionel Messi, também tenha ganhado uma versão preta, a tendência, segundo sites especializados, é de que o craque não use o modelo em campo (pelo menos, não com frequência). Esta não é a primeira vez que fabricantes lançam chuteiras pretas em tempos modernos e não as disponibilizam para atletas patrocinados. Mas isso tem uma explicação. 

Antimarketing

Como a chuteira preta, atualmente, é sinônimo de “jogador raiz”, se os craques decidem usá-la, possivelmente serão cobrados pelo público para ficar sempre com ela nos pés. Isso pode até ser excesso de zelo, mas faz sentido. Nomes como Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e outros, de tempos em tempos, trocam de chuteiras, ganhando sempre versões personalizadas. Há de se lembrar que os atletas são livres para assinar com qualquer marca de chuteiras que queira.

Guinada

Na última Copa, no Brasil, apenas o goleiro Haghighi, do Irã, usou chuteiras predominantemente pretas, segundo levantamento do Football Boots DB. A Copa da Coreia do Sul e Japão, em 2002, foi considerada a competição que mudou a tendência. Nela, Ronaldo, Rivaldo e Roberto Carlos já usavam chuteiras de cor branca. Mas foi lá em 1970 que Allan Ball, do Everton, se tornaria o pioneiro de chuteira diferente entrando em campo com uma Hummel branca para pedir paz.

Renomados

De olho no mote retrô, as fabricantes têm apostado no relançamento de chuteiras de craques do passado, o que, consequentemente, remete a modelos de cor preta. Em junho, a Puma colocou à venda a King Torero, usada por Maradona na Copa de 1982. Ela é preta, com detalhes em dourado. No ano passado, a Adidas apostou na Copa Mundial, preta e de listras brancas, que já esteve nos pés de Zico, Beckenbauer e Platini.

Mercado

Pretas ou não, os modelos top de Nike e Adidas chegam a custar R$ 1.700. Com suas melhores chuteiras na faixa dos R$ 200, a marca brasileira Penalty foi a líder de vendas no país no ano passado, segundo a consultoria Kantar. Em 2015, era a terceira no ranking. A Penalty teve um crescimento de 20% com relação ao ano anterior, indo na contramão do mercado, que caiu 16%. A Penalty é forte no futsal, patrocinando, inclusive, a seleção brasileira.