Dolce Vita

Eterna vigilância

Redação O Tempo

Por Paulo Navarro
Publicado em 12 de maio de 2018 | 03:00
 
 
No capítulo troca de figurinhas na praça, um programa de mãe e filha: Tina e Vitória Lage fotos Paulo Navarro

Cercados e vigiados por todos os lados. Invasão de privacidade? BBB involuntário? Amiga, médica, leitora da coluna conta sobre questão levantada numa roda médica. Diz respeito à prática de solicitar o CPF do cliente em máquinas diante de compras com cartão de débito e crédito. Prática essa que chegou às drogarias recentemente e que, segundo a mesma turma de médicos desconfia, não serve apenas para conseguir “descontos” nos estabelecimentos ou informações para a Receita. 

Eterna suspeita

a conversa, que ficou séria, os médicos consideraram a hipótese de que a intenção de pedir o CPF poderia ser uma “espionagem”. Mais uma das quais estamos cercados em vários momentos, todos os dias. A aquisição de medicamentos específicos renderia um ótimo “diagnóstico”.

Eterna dúvida

Um “diagnóstico prévio” na área de saúde. Com esse cadastro mapeado, planos de saúde poderiam se valer do mesmo para avaliar os clientes através de suas compras, criando restrições/recusa ou tarifas diferenciadas, visando o risco de futuros custos, como intervenções cirúrgicas.

Diversão e aula

Vale a pena registrar um novo, velho, renovado fenômeno: colecionar figurinhas. No lucro, por que não, aprender com o álbum da Copa do Mundo? Aprender o valor do dinheiro: quanto se gasta, o que se compraria com a mesma quantia. Em suma, inteirar-se do lado financeiro da troca de figurinhas. E, claro, a coleção virou febre, multiplicada a cada copa. No nosso caso, em colóquios, na barragem Santa Lúcia, na banca de troca.

Aula e troca

Os domingos reúnem 500 pessoas, pais e filhos, famílias. É uma confraternização que também passa por aplicativos e WhatsApp para troca. Lojas, shoppings e padarias também. Um negócio onde rola muita grana, claro! E, na esteira, álbuns da copa invadem as salas de aula.

Aula e lucro

Deu até no “Estadão”. Como em outras copas, há décadas, os álbuns conquistaram as crianças. E nas escolas. Em vez de encarar a brincadeira como uma distração, professores aproveitam para trabalhar conceitos de matemática, português e geografia do ensino infantil ao fundamental.

Aula e lições

Outra vantagem, o interesse que as figurinhas de papel – a léguas do mundo digital dos adolescentes – provoca. Professores inteligentes aproveitam a “distração" para tratar assuntos de aula. Como? Na leitura e interpretação de textos que constam no álbum, incitando os alunos a procurar o maior número possível de informações textuais e de imagem, como cores, números, bandeiras, mapas e até mesmo um trabalho de educação financeira. A equipe vencedora leva um pacote de figurinhas no fim da aula.

Aula e informação

Nas “finanças”, a reflexão é sobre o que as crianças podem ou poderiam comprar com o valor gasto, por exemplo, com dez pacotinhos. “A ideia é incentivar o consumo consciente e, principalmente, mostrar que a troca tem forte poder social”, fazendo os alunos perceberem que poderiam completar o álbum mais rápido se trocassem figurinhas com mais gente.

Aula e sabedoria

Ainda sobre os álbuns como aprendizado: “A vontade de conseguir as figurinhas faz com que desenvolvam habilidades, fiquem mais desinibidos, cheguem a acordos”. As crianças aprendem a negociar as difíceis de conseguir e o álbum contempla várias linguagens: numérica, textual, de imagem e do espaço social.