Editorial

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A escola para todos

Publicado em: Qua, 30/01/19 - 02h00

O governo mineiro estaria considerando a possibilidade de adotar o modelo cívico-militar em escolas estaduais com baixo índice educacional e elevada taxa de violência social. O Estado já conta com esse modelo em 30 unidades do Colégio Tiradentes, administrado pela Polícia Militar mineira.

A proposta teve origem com a assunção do presidente Bolsonaro, que determinou a criação de uma secretaria de fomento às escolas cívico-militares. O sistema existente é constituído de 13 unidades, que oferecem o ensino fundamental e médio em vários Estados, sendo dois em Minas Gerais.

Os colégios militares são reconhecidos pela alta qualidade do ensino. Foram criados e destinam-se a atender preferencialmente os filhos de militares, que se submetem a uma seleção rigorosa para serem admitidos. Aceitam também filhos de civis, que, para terem acesso, passam pelo mesmo escrutínio.

Nos dois casos, sejam os mantidos pelo Exército, sejam os mantidos pela PMMG, eles recebem investimentos que outros estabelecimentos não têm. Além disso, pela seleção que promovem, escolhem os alunos com melhores possibilidades de se desenvolverem intelectualmente e darem melhores respostas.

Não podem ser comparados, portanto, com a maioria das escolas estaduais e municipais, que recebem alunos de todas as classes sociais. Enquadrar essas escolas no sistema de escolas militares pode ser considerada, talvez, uma violência, já que a intervenção poderá ser interpretada como repressão.

Educação básica deveria ser competência da União, oferecendo ensino de qualidade e igualitário a todos os brasileiros, sem distinção. Como está implantado, o sistema atual fomenta a desigualdade social, pelo tratamento diferenciado que oferta ao alunado. Isso se refletirá no ingresso na universidade.

Como não se cansa de dizer o professor Christovam Buarque, o Estado deve oferecer a mesma educação de qualidade ao filho do rico e ao filho do pobre.

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