Editorial

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Ambiente na agenda

Publicado em: Sex, 22/02/19 - 03h00

Os habitantes de mais duas áreas próximas a barragens foram removidos, preventivamente, pela Defesa Civil, diante da ameaça de colapso desses equipamentos. Agora, com Itatiaiuçu, Barão de Cocais, Macacos, Ouro Preto e Nova Lima, já são cinco as estruturas em risco.

O temor é real, depois do que a sociedade viu ocorrer em Mariana, três anos atrás, e agora, em Brumadinho, com perda de centenas de vidas e enorme prejuízo ambiental. As barragens não oferecem mais segurança, e isso é reconhecido por seus próprios técnicos e gestores.

A desativação dessas estruturas, com mudança do método de depósito de rejeitos, não pode ser providenciada de uma hora para outra. Mais viável é a evacuação da população das zonas de risco, com sua acomodação em hotéis nas imediações e a paralisação de negócios e serviços.

Nestes dias, uma das mais importantes rodovias do Estado, a BR–356, que dá acesso à cidade histórica de Ouro Preto, foi fechada, por tempo indeterminado, obrigando seus usuários a fazer um trajeto que aumenta em cerca de uma hora o tempo de viagem para alcançar seu destino.

O desconforto de uma mudança drástica assim na vida cotidiana das pessoas, com reflexos na sua atividade econômica, é também devastador. E coloca à reflexão de todos, não só de governantes e empreendedores, o dilema de promover o desenvolvimento ou proteger a sociedade.

Os últimos desastres demonstram que o meio ambiente se impôs, definitivamente, à agenda nacional, estabelecendo a necessidade de melhor qualificar nosso desenvolvimento, por meio de novos negócios que façam avançar a economia do país e o bem-estar da sociedade.

Antes de Brumadinho, o discurso que predominava, inclusive que pontificou nas eleições, foi o de facilitar os negócios como forma de recuperar o crescimento da economia e deslanchar a empregabilidade. O meio ambiente era apontado como um entrave ao desenvolvimento.

Depois de Brumadinho, os empreendimentos de risco têm de ser mais bem avaliados. 

 

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