Editorial

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Caso de polícia

Publicado em: Sex, 23/06/17 - 04h00

Onze pessoas morreram e 23 ficaram feridas no acidente com um ônibus, no início da semana, na BR–251, no município de Salinas, no Norte de Minas. O veículo ia de São Paulo para Euclides da Cunha, na Bahia.

Tratava-se de um ônibus clandestino, sem autorização para fazer o transporte de passageiros. Até chegar ao local do acidente, ele passara por cerca de dez postos de fiscalização rodoviária sem ser parado.

Ontem, a Polícia Federal prendeu 15 policiais rodoviários federais e quatro empresários que atuavam na região do Triângulo Mineiro, acusados de cobrar propina de motoristas em situação irregular.

O Brasil é campeão em acidentes de trânsito. Invariavelmente, a culpa por tantas ocorrências é atribuída ao erro humano dos condutores. A responsabilidade dos agentes públicos não é considerada.

As evidências dessa operação da PF indicam que esta não é desprezível. Para aliviar o pagamento de multas e sanções, os policiais cobravam propina e eram parceiros dos empresários nas apreensões de veículos.

Donos de guinchos para reboque e de pátios de guarda de veículos, os empresários tinham preferência no atendimento de acidentes e ocorrências. Quanto mais apreensões, maior a repartição de diárias.

Os acusados estão sendo indiciados por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, com penas que podem chegar a 15 anos de reclusão. E poderão ser demitidos do serviço público.

Alguns policiais tinham mais de 20 anos na PRF.

Outros eram reincidentes, tendo sido denunciados antes várias vezes. No entanto, continuavam no serviço público, agindo em quadrilha ou isoladamente.

O episódio é ilustrativo da apropriação do Estado brasileiro por particulares. Uma prova foi o enriquecimento dos acusados. E isso se repete, certamente, em todas as rodovias do país. Basta investigar.

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