Editorial

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Causa e efeito

Publicado em: Qui, 25/05/17 - 03h00

Sobretudo as adolescentes imaginavam que aquele – o show da cantora pop norte-americana Ariana Grande, em Manchester, no Reino Unido, na última segunda-feira – tinha sido o melhor momento de suas vidas.

De repente, na saída do estádio, um estrondo: um homem-bomba se explodiu, matando 22 pessoas e ferindo outras 59. Identificado pela polícia, o suspeito seria um estudante britânico de 22 anos, filho de refugiados líbios.

O atentado foi o mais grave no Reino Unido desde os ataques em Londres, em 2005, que deixaram 52 mortos. Na ocasião, quatro jovens muçulmanos britânicos explodiram três vagões do metrô e um ônibus, ferindo 700 pessoas.

O país está em estado de alerta há dois anos. O último ataque ocorreu há dois meses, no centro de Londres, quando um homem atropelou pedestres na ponte de Westminster, matando cinco pessoas e ferindo outras 50.

Ontem, o governo elevou o nível de alerta de “grave” para “crítico”. O Estado Islâmico imediatamente reivindicou o atentado, procurando aproveitar-se da repercussão. Mas não é certo que haja alguma relação com o grupo.

O governo investiga se o terrorista atuava sozinho ou fazia parte de alguma organização. Seis pessoas foram presas. Ele procura conter os efeitos, talvez, de uma revolta cujas causas remontam a alguns séculos.

Todo mundo tem momentos em que demonstra ter ódio do mundo ou da sociedade. Que dirá um jovem filho de pais africanos, desempregado ou subempregado, vivendo num país em que as pessoas não gostam dele?

Os refugiados são os “escravos” dos tempos atuais. Eles são a expressão da extrema desigualdade social – por que não racial? – que permanece no mundo, dividindo a humanidade entre superiores e inferiores.

A primeira-ministra Theresa May mostrou a incapacidade dos atuais líderes mundiais de compreender essa nova realidade ao se indignar com a intromissão do mundo real na fantasia das adolescentes britânicas.

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